sábado, 31 de dezembro de 2011

Uma ao fim de semana (4)



Another Night In, Tindersticks


'Uma ao fim de semana' é a rubrica d'O Quinto Andar da qual consta uma musica que se ajusta, por uma razão ou por outra, ao estado de espírito da minha pessoa nesse momento. Sugestões são bem-vindas (embora sujeitas a apreciação). Podem enviá-las para lp.going.80s@gmail.com.

Que em 2012 a vida vos aconteça...

‎"A vida não tentes compreendê-la
e então ela será como uma festa.
E que cada dia te aconteça
... como a uma criança que ao caminhar
de cada sopro do vento vai recebendo novas flores.

Apanha-as e guarda-as
mas nem nisso pensa a criança.
Tira-as devagar do cabelo onde se sentiam tão bem
E estende as mãos aos jovens anos
para receber novas flores."

Rainer Maria Rilke


(batidinho por esses blogues e murais fora, mas tão singelo e a propósito...)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Concerto de Bryan Adams por Zaira Wardrope

Quando Tina Turner, em  1985 - Birmingham, durante a sua Private Dance Tour, disse: “ I’ve done something else with a guy from Canada.  He’s really cute, you know.  He’s really good also.  As a matter of fact I’ve brought him along.  We did a song called “It’s Only Love”[…]By the way, his name is Bryan, Bryan Adams”, aposto que ninguém estava à espera do sucesso que este guy from Canada iria ter na Europa.  E digo isto porque ele, por esta altura já era mais ou menos conhecido, não só no Canadá, mas também nos USA.  O seu álbum “Rekless” tinha sido editado em 1984 e já por lá passava.  A sua mais bonita balada, na minha opinião, “Heaven”, é deste álbum.
“Heaven” foi uma das razões que me levou ao Pavilhão Atlântico na passada 5ª feira, mesmo sabendo que tinha que me levantar ás 5 da manhã para levar os meus filhos ao aeroporto.  Mas mereceu toda a pena!
Não era a primeira vez que Bryan estava em Portugal em concerto, mas também fez questão de referir que passou aqui alguns dos melhores anos da sua vida e que Portugal está no seu coração. Voltou para celebrar os 20 anos de “Waking Up The Neighbours”, de 1991.  Quem o ouviu dizer “Boa Noite Lisboa”, sentiu essa ternura pelo nosso país.
Bryan acabou de celebrar 52 primaveras (33 de carreira) mas a sua performance em palco, não deixou transparecer isso. 
Passavam dez minutos das 21h00 quando soaram os primeiros acordes de ‘House Arrest’. Para delírio do público, seguiu-se “I Need Somebody”, cantado em uníssono.
Seguiu-se ‘Here I Am’. Vestido com roupa escura, fez as delícias dos fãs ao demonstrar que não esqueceu o país que o acolheu na infância e na adolescência. A um "Obrigado" seguiram-se promessas de "um longo espectáculo" e foi então que se ouviu “All I Want is You”.
Depois de pensar que "tinha morrido e ido para o céu" (com “Thought I’d Died and Gone to Heaven”), Bryan deixou claro que estava a postos para uma longa noite:  “Hoje a noite vai ser longa, quem for trabalhar amanhã vai dormir um pouco menos”e seguiu-se “ I’m ready”.  “So are we”, respondeu o público!
Após um ‘interlúdio’ com temas menos conhecidos do grande público, mas que os fãs não deixaram de cantar e que incluíram outra balada lindíssima “Do I Have To Say The Words” chegou o elixir da juventude (“18 till I Die”) e, depois de “Back to You”, chegou um dos melhores momentos da noite com a épica “Summer of 69” que colocou o Atlântico (18000 pessoas, esgotadíssimo há meses) ao rubro  a cantar cada estrofe (Bryan quase nem precisou de cantar).
Com um público incansável, houve lugar a um divertido medley “If You Wana Leave me (Can i Come)” e a “Touch The Hand”, só com a sua voz rouca, a sua guitarra e o baterista de sempre Mickey Curry a tocar panelas, tachos e baldes com a ajuda do grande guitarrista Keith Scott.
“(Everything I do) I  Do It For You”, cantada dentro de um túnel de laser azulado (num palco onde predonimava o preto e o branco) trouxe outro dos momentos da noite com todas as vozes sincronizadas a cantar a balada mais bem sucedida de Bryan (talvez por fazer parte da OST do filme Robin Hood).

A noite tinha tudo para começar a esmorecer mas com o eterno “Heaven” atingiu-se o ponto mais alto da noite.  E depois de mais 5 músicas em que incluiu o “Run to You”, a declaração de amor a Portugal veio antes do “Straight from The Heart”.
A noite terminou com “All For Love”, (OST de Os Três Mosqueteiros), em acústico. Foi lindo!
Tinham sido 2 horas e 20 minutos, 26 canções, sem parar, mas mesmo assim o público pedia mais! Talvez numa próxima, quem sabe?   








domingo, 18 de dezembro de 2011

Uma ao fim de semana (3)



You and Your Sister, This Mortal Coil

'Uma ao fim de semana' é a rubrica d'O Quinto Andar da qual consta uma musica que se ajusta, por uma razão ou por outra, ao estado de espírito da minha pessoa nesse momento. Sugestões são bem-vindas (embora sujeitas a apreciação). Podem enviá-las para lp.going.80s@gmail.com.

domingo, 11 de dezembro de 2011

diário - 11/12/11

Hoje foi um dia triste. 
Houve dor. Houve lágrimas. 
Houve corações tão, mas tão apertados!


sábado, 10 de dezembro de 2011

Uma ao fim de semana (2)



 I'll RememberThe Chameleons


'Uma ao fim de semana' é a rubrica d'O Quinto Andar da qual consta uma musica que se ajusta,  por uma razão ou por outra, ao estado de espírito da minha pessoa nesse momento. Sugestões são bem-vindas (embora sujeitas a apreciação). Podem enviá-las para lp.going.80s@gmail.com.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O espaço que ocupamos na vida das pessoas

 Tenho uma amiga que é uma animação só. Daquelas pessoas que ainda mal olhamos para elas e já estamos com um sorriso de orelha a orelha porque a elas associamos os momentos mais bem dispostos. A C. ligou-me era tarde da noite e eu, como mocinha bem comportada que sou, já estava a dormir e não atendi. Quando falámos no dia seguinte, cobrou-me o não ter atendido e eu justifiquei-me perguntando-lhe "e aquilo lá são horas para se ligar a alguém?". Respondeu-me com um sorriso, enquanto me explicava que nunca pensa nas horas que são quando lhe apetece falar com uma pessoa. Eu fui questionando se nunca lhe tinha corrido mal, tipo, se nunca ninguém ficou aborrecido com aquilo. Que nunca se tinha apercebido de tal, e jamais entenderia se alguém se aborrecesse por ela ser assim. Fiquei em silêncio. Ela não. E continuou dizendo que, o que lhe parece é que as pessoas até ficam contentes por isso. Sorri-lhe um sorriso com vontade e concordei. Eu estou contente por ter como amiga uma pessoa assim - disse-lhe. "Vês?" - sorriu mais uma vez -  "O truque é ocupares tanto espaço quanto te é possível na vida das pessoas, de forma a que, quando não estás, elas sintam muito a tua falta e fiquem a querer muito a tua companhia." Confesso que fiquei meia  flabbergasted com esta teoria (ou forma de pensar), mas a seguir a C.  disse com um olhar já mais tristonho: "Aprendi isto com um namorado que tive. Com ele resultou, pelo menos. Sinto falta dele até hoje e os meus dias nunca foram tão vazios."
E pronto! Tudo fez sentido, de repente, e olhei para a C., desta vez com um sorriso menos escancarado, mas muito mais terno...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Um nunca mais que continua

Nunca mais foi a mesma coisa. E este "nunca mais" traz associada a ele uma carga demasiado fatalista que não me apetece. Os fatalismos assustam-me. Tudo o que é definitivo, radical, fundamentalista me assusta. O tomar consciência de que algo é definitivamente assim e imutável é demasiadamente castrador. Há circunstâncias em que preciso de acreditar que há alguma coisa que se pode fazer, ou que vai mudar, simplesmente porque aceitá-"lo" é abdicar, é um deixar ir e não valorizar. É um não querer mais porque já se acabou. Sim, eu sei que há coisas que não dependem de nós. Mas há outras que dependem. Mesmo que seja um simples acreditar. Como me disse uma vez em conversa um grande amigo, ainda que o nosso acreditar para os outros não seja nada, precisamos dele para o nosso próprio equilíbrio. Por isso, nunca mais foi a mesma coisa, neste caso, quer apenas dizer que a coisa pode continuar, apesar do nunca mais.

domingo, 4 de dezembro de 2011

O prazer de ter um livro para ler e não o fazer

Às vezes tenho mil coisas para fazer, tenho pouco tempo para o fazer e mesmo assim não consigo efetuar o simples gesto que é levantar-me, fazer uso das mãos e do cérebro e despachar tudo. Parece-me que os psicólogos chamam a isto uma espécie de "auto-sabotagem". Uma pessoa vai adiando as obrigações até um limite possível e depois tem de fazer o que não pode deixar de ser feito, dentro daquele limite de tempo, também. Primeiro, é uma sensação de deixar para depois, porque o que se apresenta à minha frente para ser feito não é especialmente cativante. Depois chega-se a uma espécie de limite, há uma decisão que se toma e tem realmente de ser. É como se colocasse a mim mesma um desafio: agora tens de fazê-lo e bem feito em tempo recorde! E porque farei eu isto a mim mesma? - perguntei em conversa a alguém aqui há dias. "Porque como sabes que não vais ter mais nada de interessante para fazer que te possa roubar o tempo que ainda vais ter para o fazer, quando estiver está." Fitei esse alguém com olhos esbugalhados e, ao mesmo tempo tempo que assimilava como era verdadeira aquela dedução, pensava também como era transparente o facto da minha vida ser, por vezes, interessante a este nível... "A mim acontece-me o mesmo" - disse ela a seguir. E eu respirei de alívio. (Ufa!)
É que esta coisa de tomar consciência que não tenho mais nada de interessante para fazer a não ser colocar-me a mim própria um desafio que se prende com trabalho, mexeu comigo...

sábado, 3 de dezembro de 2011

Uma ao fim de semana (1)



Time after time
I try to contact you
Time after time
I try to talk to you
But you don't take me to your heart

When I'm alone
I think you're near me
It's good to pretend
That you're with me
Why don't you take me to your heart


Take Me To Your Heart, Eurythmics


'Uma ao fim de semana' vai passar a ser uma rubrica d'O Quinto Andar da qual vai constar uma musica que se ajustará, por uma razão ou por outra, ao estado de espírito da minha pessoa nesse momento. Sugestões são bem-vindas (embora sujeitas a apreciação). Podem enviá-las para lp.going.80s@gmail.com.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Texto na primeira pessoa

As reflexões, os pensamentos e os sentimentos continuam cá, mas por alguma razão que não consigo perceber ainda, ultimamente tenho sentido uma enorme dificuldade em transformá-los num texto para o blogue. A forma que encontro para o fazer é usar palavras e imagens de outros na esperança de que assim o meu eu continue a passar, embora não de forma tão pessoal ou íntima como o é um texto escrito na primeira pessoa. Isto porque já houve quem se tivesse dado ao trabalho de me enviar e-mails para me dizer que tenho escrito menos (ou usado menos palavras minhas) no blogue. Agradeço a vossa fidelidade e acreditem que fiquei sensibilizada pelo gesto. Asseguro-vos que é por vocês também que faço um esforço, mesmo quando não consigo corresponder da forma que merecem, por deixar, sempre que me é possível, aqui, um bocadinho de mim, do que me vai na cabeça e na alma.
Nem sempre é fácil este processo de patentear ao mundo um pedaço de nós. Ficamos de alguma forma mais expostos e há ocasiões em que nos sentimos muito vulneráveis. Ficamos sujeitos a juízos de valor (provavelmente precipitados na sua maioria) e, muitas vezes - é irónico - acabamos por nos sentir mais sós do que nunca apesar da partilha. A verdade é que jamais este facto (e sempre tive consciência dele) me inibiu de exprimir o que quer que fosse, desde que assim me apetecesse. Alguma coisa mudou em mim, portanto. Não sei dizer (e nem me parece importante colocar as coisas nestes termos) se a mudança foi para pior ou para melhor. Houve uma mudança e eu sou das que acreditam que uma mudança interior é sinal de evolução. Tenha a forma que tiver. Se calhar é apenas isto. Ou então não.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

"Dá-me as Tuas Mãos"

Poema de Vítor Matos e Sá
As mãos foram feitas
para trazer o futuro, 
encurtar a tristeza, encher 
o que fica das mãos 
de ontem - intervalos 
(duros, fiéis) das palavras, 
vocação urgente 
da ternura, pensamento 
entreaberto até 
aos dedos longos 
pelas coisas fora, 
pelos anos dentro. 
                                                    (in 'Companhia Violenta')


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

...

'Amanheci um dia destes antes da própria manhã. Quando isso acontece sei que não consigo voltar a anoitecer, pelo que costumo aquecer um copo de leite no microondas e bebê-lo devagar à janela da cozinha enquanto furo a negritude da noite com os meus olhos afiados. Já sei que lá fora alguns candeeiros públicos iluminam as ruas despovoadas e que o vento brinca com o lixo que se vai acumulando na curva da estrada. E é assim que tento descobrir o porquê da minha manhã serôdia.
Desta vez acrescentei um shot de uísque ao leite e uma música ao silêncio, como se já soubesse que tinha sido a saudade a despir-me os lençóis e acordar-me extemporaneamente. Ela e o facto de ter adormecido sem lhe enviar uma mensagem a dizer-lhe que gosto dela. São repetitivas, essas mensagens, mas por isso é que são importantes. É como se a repetição se renovasse de cada vez que nasce o dia. É por isso que quando as envio a meio da noite fico à espera que amanheça, que é como quem diz, à espera que ela acorde.'


Bagaço Amarelo

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

God I'm cool!

Mais do que palavras... XXIII

Não digas nada! 
Nem mesmo a verdade 
Há tanta suavidade em nada se dizer 
E tudo se entender —
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

domingo, 27 de novembro de 2011

"Itsy Bitsy Spider"...


"The itsy bitsy spider climbed up the water spout
Down came the rain and washed the spider out
Out came the sun and dried up all the rain
And the itsy bitsy spider climbed up the spout 
again"



sexta-feira, 25 de novembro de 2011

diário - 11/11/25


"É o Ciclo sem fim
Que nos guiará
Com dor e emoção
Pela fé e o amor
Até encontrar o nosso caminho
Nesse ciclo
Nesse ciclo sem fim"


"Desde o dia em que ao mundo chegamos
Caminhamos ao rumo do sol
Há mais coisas para ver, mais que a imaginação
Muito mais pro tempo permitir

E são tantos caminhos pra se seguir
E lugares pra se descobrir
O sol a girar sob o azul desse céu
Nos mantém, esse rio a fluir

É o Ciclo sem fim
Que nos guiará
Com dor e emoção
Pela fé e o amor
Até encontrar o nosso caminho
Nesse ciclo
Nesse ciclo sem fim

É o ciclo sem fim
Que nos guiará
Com dor e emoção
Pela fé e o amor
Até encontrar o nosso caminho
Nesse ciclo
Nesse ciclo sem fim

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Um serão com Manuel Freire

Quando penso Manuel Freire, penso António Gedeão, e penso Pedra Filosofal. Não sei se com os outros também acontece, mas deve ser uma linha de pensamento comum a muita gente. E foi esta Pedra Filosofal que ouvi vezes sem conta e que continua a provocar-me um arrepio sempre que a oiço, que me fez querer ouvi-la ao vivo. Finalmente.
Manuel Freire apresentou-se ao publico num auditório acolhedor aqui bem perto de mim, e foi um serão riquíssimo aos mais variados níveis, onde se disse poesia e onde se cantou poesia. Onde nomes como José Gomes Ferreira, Fernando Assis Pacheco, Eduardo Olímpio, Sidónio Muralha e José Saramago, Luís Cília, Natália Correia, José Carlos Ary dos Santos, para além de António Gedeão, foram mencionados e, através das suas obras, ilustrados.
Para além de tudo isto, contaram-se histórias na primeira pessoa, histórias que só alguém com o carisma deste senhor poderia contar. Reviveu-se o momento em que Manuel Freire foi à televisão, mais propriamente ao programa Zip-Zip, em 1969, para cantar Pedra Filosofal, o tal poema de António Gedeão.
Não só me arrepiei quando ouvi a interpretação da Pedra Filosofal naquela voz, ali, bem perto de mim, como senti uma lágrimazita surgir no canto do olho...
Indubitavelmente, o Sonho continuará a comandar a vida, mas foi mais do que esta Pedra Filosofal o que trouxemos para casa depois de tão agradável serão. A mim, ficou-me este poema (também de Gedeão) que, confesso, antes da interpretação desta noite, nunca me tinha seduzido especialmente, e que foi um dos momentos altos da noite. Ficou cá dentro.
Ei-lo!

"Este é o poema do amor.

Do amor tal qual se fala, do amor sem mestre.
Do amor.
Do amor.
Do amor.

Este é o poema do amor.

Do amor das fachadas dos prédios e dos recipientes do lixo.
Do amor das galinhas, dos gatos e dos cães, e de toda a espécie de bicho.
Do amor.
Do amor.
Do amor.

Este é o poema do amor.

Do amor das soleiras das portas
e das varandas que estão por cima dos números das portas
com begónias e avencas plantadas em tachos e terrinas.
Do amor das janelas sem cortinas
ou de cortinas sujas e tortas.

Este é o poema do amor.

Do amor das pedras brancas do passeio
com pedrinhas pretas a enfeitá-lo para os olhos se entreterem,
e as ervas teimosas a nascerem de permeio
e os homens de cócoras a raparem-nas e elas por outro lado a crescerem.
Do amor das cadeiras cá fora em redor das mesas
com chávenas de café em cima e o toldo de riscas encarnadas.
Do amor das lojas abertas, com muitos fregueses e freguesas
a entrarem e a saírem, e as pessoas todas muito malcriadas.

Este é o poema do amor.

Do amor do sol e do luar,
do frio e do calor,
das árvores e do mar,
da brisa e da tormenta,
da chuva violenta,
da luz e da cor.
Do amor do ar que circula
e varre os caminhos
e faz remoinhos
e bate no rosto e fere e estimula.
Do amor de ser distraído e pisar as pessoas graves,
do amor de amar sem lei nem compromisso,
do amor de olhar de lado como fazem as aves,
do amor de ir, e voltar, e tornar a ir, e ninguém ter nada com isso.
Do amor de tudo quanto é livre, de tudo quanto mexe e esbraceja,
que salta, que voa, que vibra e lateja.

Das fitas ao vento,
dos barcos pintados,
das frutas, dos cromos, das caixas de tintas, dos supermercados.

Este é o poema do amor.

O poema que o poeta propositadamente escreveu
só para falar de amor,
de amor,
de amor,
de amor,
para repetir muitas vezes amor,
amor,
amor,
amor.
Para que um dia, quando o Cérebro Electrónico
contar as palavras que o poeta escreveu,
tantos que,
tantos se,
tantos lhe,
tantos tu,
tantos ela,
tantos eu,
conclua que a palavra que o poeta mais vezes escreveu
foi amor,
amor,
amor.

Este é o poema do amor."

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Há coisas que marcam...


                                          
                                       antes                                                  depois
na pele.

Outras marcam na alma.

domingo, 20 de novembro de 2011

Concerto dos Cure por Thomas Lasham

O Thomas é um estreante n'O Quinto Andar. Quando soube que ele ia ao Royal Albert Hall a Londres, para assistir ao concerto dos Cure no dia 15 deste mês, pedi-lhe que depois partilhasse comigo as suas impressões sobre o concerto e (já assim para o abusadinha) pedi-lhe que partilhasse umas fotografias, também. O que o Thomas partilhou foi tão sentido e rico que lhe pedi se podia publicar aqui no blogue.
A mãe do Thomas é portuguesa, mas o pai é inglês (nada mais natural, afinal, estamos no Algarve, verdade?), o que faz dele bilingue. However, ele sente-se mais confortável com o inglês, e foi essa a língua que escolheu para escrever. Espero que apreciem o seu entusiamo tanto quanto eu.

"hey Helena the concert was mind blowing I’m still suffering a cure concussion but slowly the beautiful memories are coming back. I was seated in the second row of the circle at block R when Robert Smith walked on stage, from then on i was hypnotised and the 3 hour plus show felt like only 30 minutes. So i screamed danced and i have to admit also cried during the songs “In your house”, the Funeral Party and the Drowning man. I am 22 years old have been a dedicated cure fan for 8 years and never had the chance to see them before so seeing them play their first 3 albums and perform an amazing 14 song encore which included boys don’t cry, charlotte sometimes and a few very obscure B sides was definitely one of the most emotional and greatest experiences of my life."


SETLIST

The Cure “REFLECTIONS”

1. 10:15 Saturday Night
2. Accuracy
3. Grinding Halt
4. Another Day
5. Object
6. Subway Song
7. Foxy Lady
8. Meathook
9. So What
10. Fire In Cairo
11. It's Not You
12. Three Imaginary Boys
13. The Weedy Burton
14. Seventeen Seconds
15. A Reflection
16. Play For Today
17. Secrets
18. In Your House
19. Three
20. The Final Sound
21. A Forest
22. M
23. At Night
24. Seventeen Seconds
25. Faith
26. The Holy Hour
27. Primary
28. Other Voices
29. All Cats Are Grey
30. The Funeral Party31. Doubt
32. The Drowning Man
33. Faith

ENCORE
1. World War
2. I'm Cold
3. Plastic Passion
4. Boys Don't Cry
5. Killing An Arab
6. Jumping Someone Else's Train
7. Another Journey By Train

ENCORE
1. Descent
2. Splintered In Her Head
3. Charlotte Sometimes
4. The Hanging Garden

ENCORE
1. Let's Go To Bed
2. The Walk
3. The Lovecats









Obrigada, Thomas!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Concerto dos Scorpions por Zaira Wardrope

Em finais dos anos 80, recebi, como prenda de anos, um LP de uma banda alemã, que eu nunca tinha ouvido falar e pensei: alemães a cantar em inglês? Deve ser anedota..... mas a ultima faixa do LP (“Love at First Sting”) deixou-me espantada, porque era uma balada muito, muito boa, “I’m still loving you”. Tinha uma ou outra musica boa, “Rock you like a Hurricane” e “Big City Nights”, mas não, esta banda de “heavy metal” não me surpreendeu e fiquei-me por ali no que diz respeito aos Scorpions.
Em finais de 1990 os Scorpions passam por mim novamente... uma amiga com quem eu partilhava o transporte para o trabalho tinha comprado o “Crazy World” e durante uma semana inteira foi a musica que ouvi. Mas desta vez não me fartei deles, “Wind of Change”  e “Send me an Angel” são as que me ficaram na memória... A “Wind of Change” teve um significado especial porque estávamos ainda a celebrar a queda do Muro de Berlim no ano anterior.
Quase que os fui ver ao Convento do Beato em 2001 (não me lembro porque não fui),  mas assim que saiu o CD “Acoustica”, gravado nesse concerto, comprei-o logo.  E ainda hoje o ouço no carro.  Me perdoem os fãs de Freddy Mercury (eu incluída) mas o cover de Klaus Meine do “Love of my Life” neste concerto é de arrepiar!!!
Na passada 6ª feira, 11-11-11, tive o privilégio de os ver ao vivo no Pavilhão Atlântico, naquela que eles dizem ser a última tour antes da reforma, a “Get Your Sting and Blackout Tour”... e mesmo estando o som longe de ser perfeito, foi uma experiência única. Nunca tinha visto o Pavilhão tão cheio, a abarrotar... Lembrem-se que este grupo de 5 elementos, fundado em 1965 por Rudolf Schenker (um maluco na guitarra) anda nisto há 45 anos com 18 albuns de inéditos e 21 tours, mantendo-se desde mais ou menos o início, o Rudolf, o James Kottak (na bateria) e o Klaus vocalista (mas que voz ainda...).  Admito que levaram um bocado para mobilizar o publico.  Começaram com umas rockadas do ultimo album “Sting in The Tail” e o pessoal, a maior parte quarentão, não estava muito para aí virado.  Mas quando cantaram “Loving You  Sunday Morning” conseguiram a atenção total.  O momento do “Send me an Angel” foi mágico.
Foi um concerto de 2 horas.  Eu estava a ficar desiludida porque acabavam o concerto sem eu ouvir as minhas favoritas, mas deixaram essas para o encore: “Still Loving You” (com os telemóveis a substituir os isqueiros), “Wind of Change, “Rock you Like a Hurricane”, e “When the Smoke is Going Down” do album “Blackout” de 1982, foram uma delícia (senti falta do "You and I", confesso), e aqui sim pude dizer: acabaram em grande estilo.









segunda-feira, 7 de novembro de 2011

And slowly, you come to realize...


It's all as it should be
You can only do so much

If you're game enough
You could place your trust in me

For the love of life
There's a trade off
We could lose it all
But we'll go down fighting

And what of the children?
Surely they can't be blamed for our mistakes?

And slowly I've come to realize
It's all as it should be

That hiding space
A lonely place

How can the right thing be so wrong?
I've found mistakes
Where they don't belong

For the love of life
We'll defeat this
They may tear us down
But we'll go down fighting

Won't we?
David Sylvian

domingo, 6 de novembro de 2011

"Ditto!"

Ele saiu e eu fiquei sem chão, no meu chão, mais uma vez.
Cuidei então do chão que fica sempre, no qual ele está em cada cantinho...
Cuidar do nosso chão quando não está faz-me sentir melhor. Em cada cantinho que toco, especialmente naqueles onde ele gosta mais de estar, capricho sempre um bocadinho. Quando volta e vê alguma novidade repara e sorri. Mexe e pergunta: "foste tu que fizeste?".
Cuidar do nosso chão quando não está faz-me sentir melhor. Ele sabe disso. Tanto sabe que, pelo que vi, antes de sair, andou numa intensa labuta para me preparar uma das mais bonitas surpresas que já recebi. Nos tais cantinhos onde sabia que eu iria mexer ao arrumar a casa, colocou pedacinhos de papel com mensagens escritas. Com aquela letrinha tão dele. Tão só minha.
Esta que vos mostro não estava escondida num cantinho, mas foi a última que encontrei. Só a vi quando ia sair de casa. Estava colada na fechadura da porta.


Se há coisas que não se agradecem, esta é seguramente uma delas. Não há como, simplesmente. Mas às vezes a vida merece. Obrigada!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Yes, we do!


Escrevi este texto há algum tempo e chamei-lhe "Home, Sweet Home". Hoje, apeteceu-me voltar a ele.

Um casal de amigos dos tempos da universidade convidou-me para jantar com eles há uns tempos atrás. Formam um casal interessante e sempre gostei bastante das nossas longas conversas pela noite fora, sobre os mais variados assuntos. Partilham a vida há alguns anos, já, e não foi a primeira vez que passei lá pelo "ninho". Entrar lá é muito agradável. É um lugar que revela bom gosto, onde pormenores foram tidos em conta. Passa por um sofá vermelho ao lado de um tapete que dá pena pisar. O tecto tem encaixadas pequenas lâmpadas por ele distribuídas de igual forma. São daquelas cuja intensidade pode ser regulada. Nunca a sua luminosidade está muito intensa. Tudo está muito certinho, sempre. Nada fora do lugar. Do mais "fashion! Contudo, sempre que saio de lá trago comigo uma sensação meio esquisita... é como se estar lá me fizesse ficar com saudades da minha casa. Estranho, pensei eu, pois quando entro em minha casa vejo sempre algo fora do lugar. Na minha casa há "cenas" coladas na porta do frigorífico, listas de coisas para fazer, fotos, contas, desenhos do meu filho, eu sei lá! Na minha casa, há brinquedos na banheira. Na minha casa, há casacos no bengaleiro. Há uma mantinha no sofá.
Quando regressei da casa dos meus amigos e entrei na minha casa percebi o que tinha sentido. A minha casa é um lar. Nela vivem pessoas. Ela é visitada por pessoas que se sentem em casa quando lá estão. A minha casa tem a minha alma. Tem vida. A minha casa não é uma montra e é, mesmo assim, a mais linda de todas.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Mais do que palavras... XXII

Ah! Se acontecesse enfim qualquer coisa!
Se de repente saísse da terra um braço
e atirasse uma rosa
para o espaço!

Mas não.

Lá está o sol do costume
com a exactidão
duma bola de lume
desenhada a compasso...

...sol que à noite continua
a andar em redor
nas entranhas da lua
- que é sol com bolor...

e desde que nasci,
haja paz ou guerra,
nunca vi outra coisa.

Ah! Como queres que acredite em ti
- braço que hás-de romper a terra
e atirar uma rosa?


José Gomes Ferreira

domingo, 30 de outubro de 2011

Exposição «Lightness», de Joana Cabrita Martins, na Fábrica Braço de Prata em Lisboa, patente ao público até dia 27 de Novembro, no âmbito das Tangencias da Bienal Experimenta Design 2011


Segundo a Infopédia, "empreendedor" é: "indivíduo cheio de iniciativa e vontade para iniciar projetos novos, mesmo quando são arriscados. ativo; enérgico; dinâmico, arrojado".
O empreendedorismo, a criatividade, a capacidade de sonhar e imaginar são qualidades que, desde sempre, aprecio no ser humano. Especialmente naqueles me rodeiam. Naturalmente, tenho por estes uma atenção especial, pois posso, de alguma forma, acompanhar a sua evolução e conquistas. Na realidade, é um privilegio ter no meu grupo de amigos pessoas assim (já não é a primeira vez que o digo). Desta vez, é o trabalho da minha colega e amiga Joana Cabrita Martins que me faz referir novamente como é importante apostar e persistir naquilo em que acreditamos, ainda que o caminho não seja o mais fácil. O trabalho da Joana revela inovação e uma sensibilidade para com o ambiente e saúde do planeta edificantes. Para além de um bom gosto incontestável, asseguro-vos.




http://registrus.blogs.sapo.pt/718244.html
Mais sobre a Joana:
http://juventude.gov.pt/Eventos/Cultura/Paginas/Exposi%C3%A7%C3%A3o.aspx
Podem ver mais um dos trabalhos da Joana no video que se segue (aos 16 e 33 segundos):
http://rtp.sapo.pt/avozdeportugal/videos/festa-de-lancamento-da-voz-de-portugal#.Tq1W-OpxuLA.google

sábado, 29 de outubro de 2011

Tanita Tikaram em Loulé, Algarve, Portugal, Europa, planeta Terra, mundo

Há pessoas com um vozeirão sem igual e que, ainda por cima, sabem das coisas e têm muito bom gosto! Saudades de ouvir a voz dela! (pensar que estivemos tão perto... )

'bora lá a fazer uma visitinha à Tanita Tikaram! (como quem diz, vá)











(obrigada Viva oitenta)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

"Virgem pela negativa" (wth?)

Fiquei com a sensação de que 'áuguém do Brásiu' me anda a espiar.
O Português, pronto... mas valeu a pena ler pela gargalhada. Partilhando!

"Signo: Virgem

Faz de conta que você tem uma empresa e acha que o seu sócio está te roubando e você precisa ter certeza e para isto, você terá que mexer em todo o compexo livro caixa, numa busca pelos ultimos três anos de lucros da empresa. Que chato, não?
Não para um virginiano.
Minúcias, detalhes, cálculos complicados, deixe tudo para ele!
O virginiano é muito organizado, e não só no sentido de casa impecável e limpa, mas sim na organização mental.
A capacidade de concentração destas pessoas é impressionante e se você resolver mentir para eles, espero que seja bom, porque eles vão somando detalhes, expressões de rosto e friamente vão dizer na sua cara:
- Você mentiu! E vão explicar o porquê.
Dá ódio. Não se esquecem de nada, anotam tudo, conseguem ser pontuais e obedecer a rotina de uma maneira perfeita.
Espiem só a agenda de um virginiano típico:
07:15 - O despertador toca e o virginiano reza, não se esquecendo de agradecer o aumento que ganhou e os 3 kgs que conseguiu perder.
07:20 - O virgianiano vai para o banheiro e faz xixi, usa 7 vezes o papel higiênico (mesmo sabendo que tomará banho em seguida), e aperta duas vezes a descarga, pois tem pavor de resíduos.
07:25 - O virginiano entra no chuveiro e molha bem os cabelos e depois de bem molhado, ele passa o shampoo, esfregando bem e enquanto o shampoo age, ele escova os dentes com a escova elétrica.
Enxagua os cabelos e a boca, e repete as duas operações (cabelos e dentes) por mais um minutos e novamente enxagua.
Não passa condicionador porque só usa dia sim, dia não. E hoje é o dia do não.
Em seguida esfrega com a esponja vegetal as partes mais ásperas do corpo (cotovelos,calcanhares, joelhos) e depois com o sabonte antibacteriano ele lava axilas, solas dos pés, e partes pudentas.
Depois lava o restante do corpo com o sabonte liquido hidratante e enxagua tudo com a água fria porque tonifica os músculos.
Sem medo de ser feliz, lava o rosto com o sabonete para peles mistas.
Depois…
E por aí vai…
Sexualmente eles usam o lado b, então fazem o sexo com muito beijo molhado, saliva, palavrões, tapas, ou seja o chamado ‘sexo sujo’, porque é ali que eles se soltam.
Não se esqueçam que todo mundo tem um lado b, mas o do virginiano é quase c.
As mulheres são excelentes esposas e namoradas mas são exigentes demais, detalhistas do tipo que se o coitado deixar a toalha molhada em cima da cama ela surta.
São excelentes executivas, secretárias, médicas e cobradoras de ônibus.
E quando discutem a relação é péssimo, porque fazem um apanhado dos ultimos 5 anos, sem perder nenhum episódio de briga e ofensas, repetindo até frases e insultos.
Mas o virginiano em geral é bem asseado.
Se você estiver na cama com algum deles e tiver com mau hálito, chulé ou um cheiro forte debaixo do braço…ele fala na sua cara e te manda para o banho.
E se você quer um sexo filme pornô, pegue alguém deste signo. O que é excitante pois eles tem uma aparência distinta e tímida, mas…ui!
Claro, mas com muita higiene.
E tem todos os remédios do mundo ... são hipocondríacos.
São capazes de tomar Imosec antes da feijoada."

(roubado do mural de alguém no FB)

domingo, 23 de outubro de 2011

Mais do que palavras... XXI

"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha, 
porque alta vive"

Ricardo Reis

Velhos tempos...

Vi por aí num blogue e no mural de alguém no Facebook, por isso, já deve estar batidinha. Mas eu não podia deixar de colocar uma imagem destas no meu bloguinho, podia?
É que tem tudo a ver!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

No palco do tempo

"Na terra dos homens
No circo dos anjos
Guardiões implacáveis do céu
Dançámos a dança da vida
No palco do tempo, teatro de Deus
Árvores, sândalos, sonhos
São frutos da mente. São meus"
(Marcus Viana)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Indignação

"Porque é que este sonho absurdo
a que chamam realidade
não me obedece como os outros
que trago na cabeça?"

José Gomes Ferreira

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

diário - 11/10/19

"Wish your mornings will be brighter
Break the line, tear up rules
Make the most of a million times no"

domingo, 16 de outubro de 2011

Os professores, por José Luís Peixoto

Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança.
(Artigo |15 Outubro, 2011 – 00:17)


O mundo não nasceu connosco. Essa ligeira ilusão é mais um sinal da imperfeição que nos cobre os sentidos. Chegámos num dia que não recordamos, mas que celebramos anualmente; depois, pouco a pouco, a neblina foi-se desfazendo nos objectos até que, por fim, conseguimos reconhecer-nos ao espelho. Nessa idade, não sabíamos o suficiente para percebermos que não sabíamos nada. Foi então que chegaram os professores. Traziam todo o conhecimento do mundo que nos antecedeu. Lançaram-se na tarefa de nos actualizar com o presente da nossa espécie e da nossa civilização. Essa tarefa, sabemo-lo hoje, é infinita.
O material que é trabalhado pelos professores não pode ser quantificado. Não há números ou casas decimais com suficiente precisão para medi-lo. A falta de quantificação não é culpa dos assuntos inquantificáveis, é culpa do nosso desejo de quantificar tudo. Os professores não vendem o material que trabalham, oferecem-no. Nós, com o tempo, com os anos, com a distância entre nós e nós, somos levados a acreditar que aquilo que os professores nos deram nos pertenceu desde sempre. Mais do que acharmos que esse material é nosso, achamos que nós próprios somos esse material. Por ironia ou capricho, é nesse momento que o trabalho dos professores se efectiva. O trabalho dos professores é a generosidade.
Basta um esforço mínimo da memória, basta um plim pequenino de gratidão para nos apercebermos do quanto devemos aos professores. Devemos-lhes muito daquilo que somos, devemos-lhes muito de tudo. Há algo de definitivo e eterno nessa missão, nesse verbo que é transmitido de geração em geração, ensinado. Com as suas pastas de professores, os seus blazers, os seus Ford Fiesta com cadeirinha para os filhos no banco de trás, os professores de hoje são iguais de ontem. O acto que praticam é igual ao que foi exercido por outros professores, com outros penteados, que existiram há séculos ou há décadas. O conhecimento que enche as páginas dos manuais aumentou e mudou, mas a essência daquilo que os professores fazem mantém-se. Essência, essa palavra que os professores recordam ciclicamente, essa mesma palavra que tendemos a esquecer.
Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança. Vemo-los a dar forma e sentido à esperança de crianças e de jovens, aceitamos essa evidência, mas falhamos perceber que são também eles que mantêm viva a esperança de que todos necessitamos para existir, para respirar, para estarmos vivos. Ai da sociedade que perdeu a esperança. Quem não tem esperança não está vivo. Mesmo que ainda respire, já morreu.
Envergonhem-se aqueles que dizem ter perdido a esperança. Envergonhem-se aqueles que dizem que não vale a pena lutar. Quando as dificuldades são maiores é quando o esforço para ultrapassá-las deve ser mais intenso. Sabemos que estamos aqui, o sangue atravessa-nos o corpo. Nascemos num dia em que quase nos pareceu ter nascido o mundo inteiro. Temos a graça de uma voz, podemos usá-la para exprimir todo o entendimento do que significa estar aqui, nesta posição. Em anos de aulas teóricas, aulas práticas, no laboratório, no ginásio, em visitas de estudo, sumários escritos no quadro no início da aula, os professores ensinaram-nos que existe vida para lá das certezas rígidas, opacas, que nos queiram apresentar. Se desligarmos a televisão por um instante, chegaremos facilmente à conclusão que, como nas aulas de matemática ou de filosofia, não há problemas que disponham de uma única solução. Da mesma maneira, não há fatalidades que não possam ser questionadas. É ao fazê-lo que se pensa e se encontra soluções.
Recusar a educação é recusar o desenvolvimento.
Se nos conseguirem convencer a desistir de deixar um mundo melhor do que aquele que encontrámos, o erro não será tanto daqueles que forem capazes de nos roubar uma aspiração tão fundamental, o erro primeiro será nosso por termos deixado que nos roubem a capacidade de sonhar, a ambição, metade da humanidade que recebemos dos nossos pais e dos nossos avós. Mas espero que não, acredito que não, não esquecemos a lição que aprendemos e que continuamos a aprender todos os dias com os professores. Tenho esperança.


Artigo de José Luís Peixoto, publicado na revista Visão de 13 de Outubro de 2011

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A importância de um futuro com "oportunidades"

Enquanto miúda, fui crescendo a ouvir os meus pais dizerem “hoje em dia podemos dar-te as oportunidades, no nosso tempo não as havia, por isso, aproveita-as.” Com mais ou menos palavras, este discurso ia-se repetindo periodicamente e sempre que a ocasião fosse propícia a tal e pensava eu porque razão tinham os meus pais que dar tanta importância a esta coisa das “oportunidades”. Hoje, sou mãe e como compreendo o valor de poder dar ao meu filho as “oportunidades” (ou um possível caminho para elas), e como percebo a importância que isso tem! Já dei por mim a pensar que, se calhar, a  importância é tanta, que estou a cair no exagero. Já no ano lectivo anterior me ocorreu que talvez o meu filho tivesse um horário demasiado pesado para a idade dele. Eram tantas as actividades (e responsabilidades) dentro e fora da escola! Decidi, na altura que, este ano, iria reconsiderar e talvez fosse possível que a criança não ficasse com uma carga horária tão densa. Ora bem, isso não aconteceu. Há dias em que tiro o meu filho do quentinho às sete e meia da manhã, porque eu entro às oito e meia (e que culpa tem ele disso, certo?), e doi-me um pouco o coração. Começa o dia na escola mais tarde, mas até lá, já preparou leituras e ditados em casa da ama que o levará, depois, à escola. As aulas terminam a meio da tarde, mas depois tem ainda uma de Apoio ao Estudo. São entretanto horas de sair do recinto escolar e ir em direcção à próxima instituição onde as actividades musicais o aguardam e onde permanecerá por mais duas horas (a primeira será prática e a segunda teórica. Tenho as minhas duvidas quando à eficácia da segunda hora, teoria no final do dia...). Decorridas, então, as ditas, prepara-se, a seguir, para a actividade desportiva (que não pode deixar de ter, o exercício físico é importante), onde permanece, por vezes, mais duas horas. Isto, aos dias de semana, pois ao fim de semana vão alternando torneios e audições entre outros.
Há dias, em que o meu filho está a jantar e os olhitos querem fechar-se num soninho santo. Mas, há dias também, em que ainda existem trabalhos de casa para fazer depois do jantar... 
O horário semanal do meu filho de sete anos, é mais preenchido que o de muitos de nós quando eramos adolescentes (e já eramos adolescentes!) e os tempos eram outros. 
Às vezes converso e aconselho-me com outras mães e oiço-as dizerem: “faz-lhes bem! as crianças devem ter o tempo ocupado”. 
Quantas vezes, quando já dorme, olho para o meu anjito e penso, “descansa, meu amor. mereces tanto!” E então o coração e a razão conversam dentro de mim e tentam chegar a um consenso, o que nem sempre conseguem, mas ambos acabam por se resignar  justificando-se com o facto de que o homenzinho de sete anos terá, assim, a possibilidade de um futuro risonho e cheio de oportunidades. 
E assim vamos levando os dias. A correr. A questionar. A persistir. Tudo em nome das “oportunidades”.
Oxalá eu esteja a fazer a coisa certa e elas nunca lhe faltem!      

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

10 things i hate about you

1. I hate the way you talk to me, and when you don't talk to me at all.
2. I hate it when you say I'm nice, and that you always make me pay the price.
3. I hate your big steps when we walk.
4. I hate you so much when you don't care; it doesn't allow me to dare.
5. I hate the way you're always right, and the way you read my mind.
6. I hate it when you don't try.
7. I hate it when you make me laugh, even worse when you make me cry.
8. I hate the way you make me sad, and when you hurt me so bad.

9. I hate it when you're not around, and the fact that you didn't call.
10. But mostly, I hate the way I don't hate you. Not even close. Not even a little bit. Not even at all.



(daqui, à minha maneira)

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Sem a macaca

Acho que devia aproveitar a minha boa disposição para escrever agora qualquer coisinha no blogue, antes que me dê a macaca outra vez. É que se me ponho a pensar no facto de estar a léguas de quem me alimenta a alma, lá se vai a boa disposição. Pretexto, desta vez, não falta. Tenho até uma coisa bem louca sobre a qual vos vou falar!

Pensando bem, não vou.

domingo, 25 de setembro de 2011

diário - 11/09/25

coisa nenhuma. é tudo o que me ocorre escrever sobre o dia de hoje. na realidade, é tudo o que me ocorre escrever sobre o dia de ontem, também. e sobre o de anteontem. se começar a pensar bem na coisa, sou capaz de concluir que há alguns dias que assim é. por isso, não vou pensar. e como não tenho, então, nada sobre o que escrever, fico por aqui. sem dizer coisa nenhuma.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Conversa no Facebook

Ela (no seu estado) - ‎"I'm feelin' like a Monday, but someday I'll be Saturday night" :(
Ele (comentário) - you will always be a summer sunday :)

Eu (a ler isto e a pensar) - Caramba!

e a seguir decidi que ia só ali deprimir um bocadinho, mas depois não me apeteceu voltar mais.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Mais vale prevenir

Final de tarde. Tínhamos saído da piscina onde encontrou uma amiguinha da escola. Caminhávamos para casa de mãos dadas. Vinha pensativo. Interrompeu o silêncio.
- Mãe, eu gosto mesmo muito da Carolina.
- Sim? Eu também gosto. É um doce, a Carolina.
- Acho que quero que ela seja minha namorada. Quando for grande, claro.
- Claro.
- Mas, se calhar, vou já falar com ela. Assim ficava logo a saber, não achas?
- O mais possível, meu filho. Fala já com ela.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

AAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARRRGGHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

diário - 11/09/16

 "Não acho que valha a pena."





e caíram em mim como uma bomba.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Lata de bolachas em tons de laranja

Uma vez comprei uma lata de bolachas que ganhou um significado especial. Costumo comprar bolachas em lata, gosto sempre mais do sabor e gosto da ideia de ter sempre uma lata com bolachas em casa. Algo a ver com a infância ou assim. Esta, foi a última que comprei - já lá vão uns meses - e gostei dela ao primeiro olhar. A cor e os motivos eram diferentes. Tons de laranja. As bolachas que vinham dentro dela não demoraram muito a acabar, mas fui comprando mais e colocando lá dentro para a manter sempre cheia. Hoje já olhei para ela algumas vezes. Tenho-a aqui ao meu lado e vou comendo as últimas bolachas que lá estão. Desta vez não voltei (ainda) a enche-la com mais. Porque já não sei se quero continuar com a mesma lata, ou se estará na altura de comprar uma nova.  Pelo menos agora continua aqui, ao pé de mim, e, neste momento, sei que uma nova não saberia ocupar tão bem  o seu lugar de lata de bolachas especial. Há coisas - e pessoas - que têm sempre um lugar só delas em nós. E mais nada - ou ninguém - encaixa lá, nesse lugar que é delas, tão bem.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Dreams

a minha vida está a mudar todos os dias, de todas as formas possíveis. às vezes é sonhada, e nunca o que parece. sei que já me senti assim antes, mas agora sinto-o mais ainda porque a mudança veio por ti. percebo que a trapalhona aqui sou eu. um eu diferente. quero mais, é impossível ignorar isto. impossível ignorar. "eles" (os sonhos) tornar-se-ão realidade. impossível não ser assim. impossível. - de coração aberto, não me magoes. - (mente amiga e compreensiva, fala comigo.)
a minha vida está a mudar todos os dias, de todas as formas possíveis. às vezes é sonhada, e nunca o que parece. um dos sonhos és tu.
sonha comigo.

(as minhas desculpas aos Cranberries pelo abuso descarado - e os meus agradecimentos, também-)

domingo, 4 de setembro de 2011

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Se calhar, as pessoas deviam andar todas com bolas de cristal


A propósito de um post que um amigo publicou no seu blogue, a indignação e a revolta que nasceram em mim foram tão maiores que não caberia tudo o que me apetece dizer em apenas um comentário ao dito post. E talvez por isso, surja este.
Quanto a mim, os tais "cobardes FDP que nunca têm vergonha" deveriam, sem qualquer sombra de duvida, ser denunciados e, obviamente, condenados de forma "séria" e eficaz para que nunca mais pudessem repetir o crime. Agora, gostaria também de partilhar convosco o complicado que é esta questão da denúncia de um "cobarde FDP que nunca tem vergonha", pois veio-me à lembrança que foi um assunto bastante trabalhado em contexto laboral, que teve direito à presença de alguns membros da APAV, cujo objectivo era esclarecer determinadas questões de natureza similar a esta. O que foi feito perante uma audiência que metia respeito, tendo em conta o grande numero de participantes e só por isso.
Este acontecimento no meu local de trabalho, teve lugar, justamente, porque tivemos conhecimento (de forma indirecta, claro, estas coisas nunca são ditas directamente), de alguns casos que poderiam estar a ser vividos naquela população.
Lembro-me que os oradores falaram um pouco sobre a Associação (objectivos, auxilios prestados, possíveis apoios...), enfim, contextualizaram a intervenção, deram indicações e forneceram as informações necessárias para o caso de.
Seguidamente, foi solicitado à audiência que colocassem questões, caso o desejassem. Era o lugar e (se calhar), a altura certa.
Ora bem, depois de muitas perguntas, o grosso que ficou das respostas dos senhores da APAV foi:
- para haver denuncia tem que haver provas e as provas são (no caso da denúncia ser da própria vítima), muitas vezes, as marcas no próprio corpo;
- no momento seguinte ao da denúncia, o mais provável é que as vítimas tenham de voltar para casa e sujeitarem-se ao que vier depois, ninguém lhes garante um lugar para se protegerem (nem aos filhos, caso os tenham);
- convém que as vítimas saibam que, se forem elas a abandonar o "lar", podem perder alguns direitos no que concerne aos "bens" e aos filhos (?!).
Já quase no final do "esclarecimento", ouviu-se uma voz perguntar: "então, se se pensar nisso tudo antes, o que é que as pessoas "devem" fazer para que a violência não volte a acontecer?".
E de lá da frente veio uma voz com a intervenção mais infeliz que alguém poderia ter tido em contexto similar (ou em qualquer outro, às tantas): "se calhar, o melhor mesmo, é ter algum cuidado ao escolher os parceiros com quem vão ter uma vida em comum".
Acreditem, se quiserem.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

E diz a Marie dos Aristogatos assim e muito bem:

“Ladies do not start fights...but they can finish them!”
                                                          (Disney)


Há gatas muito decididas!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Legenda: Vasco=André

Por aqui ainda foi dia de praia, mas as férias já terminaram ou estão a terminar para muita gente e as temperaturas parece que vão descer. Está na altura. Aqui por casa estamos, também, a terminar o livro de actividades da escola do meu filho, como previsto. Hoje fizemos a última ficha de Língua Portuguesa e apeteceu-me partilhar o texto convosco.

"As férias estão quase a terminar. O Vasco está alegre por voltar para a escola. O Vasco vai para o 2º ano. Ele vai comprar o material escolar que necessita: livros, cadernos, canetas, lápis, borracha... O Vasco está ansioso por encontrar de novo os colegas e a professora Isabel. Ele tem muitas histórias para contar. 
As férias do Vasco foram estupendas!"
(edi9)

Nada mais a propósito!