domingo, 4 de dezembro de 2011

O prazer de ter um livro para ler e não o fazer

Às vezes tenho mil coisas para fazer, tenho pouco tempo para o fazer e mesmo assim não consigo efetuar o simples gesto que é levantar-me, fazer uso das mãos e do cérebro e despachar tudo. Parece-me que os psicólogos chamam a isto uma espécie de "auto-sabotagem". Uma pessoa vai adiando as obrigações até um limite possível e depois tem de fazer o que não pode deixar de ser feito, dentro daquele limite de tempo, também. Primeiro, é uma sensação de deixar para depois, porque o que se apresenta à minha frente para ser feito não é especialmente cativante. Depois chega-se a uma espécie de limite, há uma decisão que se toma e tem realmente de ser. É como se colocasse a mim mesma um desafio: agora tens de fazê-lo e bem feito em tempo recorde! E porque farei eu isto a mim mesma? - perguntei em conversa a alguém aqui há dias. "Porque como sabes que não vais ter mais nada de interessante para fazer que te possa roubar o tempo que ainda vais ter para o fazer, quando estiver está." Fitei esse alguém com olhos esbugalhados e, ao mesmo tempo tempo que assimilava como era verdadeira aquela dedução, pensava também como era transparente o facto da minha vida ser, por vezes, interessante a este nível... "A mim acontece-me o mesmo" - disse ela a seguir. E eu respirei de alívio. (Ufa!)
É que esta coisa de tomar consciência que não tenho mais nada de interessante para fazer a não ser colocar-me a mim própria um desafio que se prende com trabalho, mexeu comigo...

1 comentário:

NUXA disse...

Somos tantas... :)