terça-feira, 15 de outubro de 2013

To live is to fly low and high

"..
Days up and down they come
Like rain on a conga drum
Forget most, remember some
But don't turn none away
Everything is not enough
Nothing is too much to bear
Where you been is good and gone
All you keep's the getting there
To live is to fly low and high
So shake the dust off of your wings
And the sleep out of your eyes

It's goodbye to all my friends
It's time to go again
Think of all the poetry
And the pickin' down the line
I'll miss the system here
The bottom's low and the treble's clear
But it don't pay to think too much
On the things you leave behind
I may be gone but I won't be long
I'll be bringing back the melody
And the rhythm that I find

We all got holes to fill
And them holes are all that's real
Some fall on you like a storm
Sometimes you dig your own
But choice is yours to make
Time is yours to take
Some dive into the sea
Some toil upon the stone
To live is to fly low and high
So shake the dust off of your wings
The sleep out of your eyes"
(Townes Van Zandt)


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

os Boys, a Water e o resto...

sabendo que não é apenas um pedaço de madeira, sei que é apenas um pedaço de madeira. mas é muito meu, só meu e todo meu e não vou dar a ninguém! 


The Waterboys 
The Waterboys, Cascais
GNR, Cascais

sábado, 3 de agosto de 2013

Alvão

Parque Eólico do Alvão
[belo. mas na linha do horizonte é notória uma faixa cinza a ensombrá-lo. uma enorme camada de fumo causada pelos incêndios que devoravam, mais uma vez, aquelas serras... =/ ]

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Expensive Soul - na rota de *o que é nacional é bom* {continuação}

Momento Tesourinho de Educação Musical #4

Demo + New Max  (Expensive Soul) + André
[este foi «O» Momento Tesourinho por excelência, desta ronda de concertos nos quais o meu rebento teve, pela primeira vez, a oportunidade de, não só assistir às atuações, como interagir com membros das bandas e técnicos, de forma a perceber 'no terreno' como funcionam estas coisas da musica, dos concertos, das diferenças na interpretação das canções e de como as versões das mesmas ao vivo podem ser tão diferentes das versões de estúdio. o estudo de musica no conservatório fica, desta forma, complementado, pois sentia em mim que esta vertente do aprender musica (apenas porque sim) e tocar um instrumento, pecava pela ausência deste tipo de abordagem; de uma demonstração, uma aplicação prática. no fundo, de um novo sentido, uma motivação. tenho mesmo de agradecer aos membros das bandas e crew que colaboraram comigo nesta viagem e elogiá-los pelo trabalho de qualidade que desenvolvem. quero muito dizer-lhes que são uma mais valia na cultura musical deste país e que é por estas e outras que sou uma apaixonada por esta Arte, a que sempre esteve e estará mais presente em mim. se me restassem duvidas, teriam sido agora dissipadas. um bem-haja a todos e até um breve muito breve!]

"Eu não sei
 se vou ficar bem assim

Eu só sei
 o que vai ser melhor para mim"
O Grande Final... 

domingo, 28 de julho de 2013

Ter pessoas em casa nas férias

ter pessoas em casa é um desassossego. mas é um desassossego bom! quer dizer, horários para o que quer que seja é mentira. tudo sai do sítio. os lugares à mesa triplicam. a desarrumação (pode ser) uma canseira. however, antagonicamente, a desordem causa-me uma certa ordem interior. já nem tudo na casa depende de mim. há mais cabeças a pensar nos rituais diários caseiros e isso dá-me algum espaço para ocupar o espírito com não importa o quê. logo que não com os rituais diários caseiros.
há dias acordámos e decidíamos quem ia para o banho primeiro e quem tratava do pequeno-almoço, quando alguém sugeriu: "e se fossemos comer um daqueles scones com compota de mirtilo que servem ao pequeno-almoço no italiano do shopping?" "Oupas!" - ouviu-se um coro. e lá ganhei eu mais um espacinho para me ocupar com não importa o quê. e logo cedinho, como eu gosto (ou não fosse eu a tal da morning person de que vos falei em posts anteriores).

basicamente, há desassossegos bons, pronto.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

a dignidade, o respeito. os Afetos.

tenho andado a matutar nisto de como a maioria das pessoas é tão diferente daquilo que nos mostra quando as conhecemos. e percebemos isto quando não tropeçamos nelas há algum tempo mas, por qualquer razão, voltamos a cruzar-nos e realizamos como pode ser o acaso dececionante. dedicamos-lhe algum espaço no nosso pensamento. espaço esse ao abrigo do "não pode ser a mesma pessoa" ou "alguma coisa aconteceu". enfim, tentamos arranjar algo que justifique o que não tem de ser justificado. mas precisamos de justificar (especialmente a nós próprios), o porquê de num dado momento da nossa vida esses "alguéns" já terem sido importantes. e nem sempre é tarefa fácil, essa do justificar a nós próprios. é bem mais difícil do que justificar aos outros.
e voltamos aos lugares comuns e ao "há que aceitar, ninguém é perfeito". a verdade é que, a mim, a perfeição nunca me disse grande coisa. a perfeição é ausência de personalidade; nunca é genuína, espontânea, passa sempre pela escassez do lado humano, do que é intrínseco a cada um de nós.
contudo, há coisas que, sendo de nós, e não nos fazendo perfeitos, fazem de nós seres Humanos.
coisas como a dignidade, o respeito. os Afetos.

tenho andado  a matutar nisto de como a maioria das pessoas é tão diferente daquilo que nos mostra.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

e o estágio continua...

Momento Tesourinho de Educação Musical #3

André + voz portuguesa que vale a pena conferir ao vivo = Áurea
(havendo oportunidade, não deixem de o fazer!)

domingo, 21 de julho de 2013

entro no quarto dele e reparo

- que estranho, A.! um dos quadros do teu quarto está virado para a parede...
- fui eu.
- desculpa?!
- a Mariana vinha cá.
- e....??
- puseste lá aquela fotografia minha de bebé todo nu...







- (suspiro)

quinta-feira, 18 de julho de 2013

pronto, podem não estar assim tão famosas

mas são minhas!

*do que foi de mim no Optimus Alive


DIIV, Human
Wild Belle, Keep You
Rhye, Open
Depeche Mode (Martin), Shake the Disease
Depeche Mode, Heaven

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Hoje estou triste.

Hoje estou triste, estou triste.
Estarei alegre amanhã...
O que se sente consiste
Sempre em qualquer coisa vã.
Ou chuva, ou sol, ou preguiça...
Tudo influi, tudo transforma...
alma não tem justiça,
A sensação não tem forma.
Uma verdade por dia...
Um mundo por sensação...
Estou triste. A tarde está fria.
Amanhã, sol e razão.

22-4-1928

Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990). - 89.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Movimento pela reutilização dos livros escolares

O “Movimento pela reutilização dos livros escolares” é um movimento de cidadãos que promove a criação e divulgação de bancos de recolha e partilha gratuita de livros escolares em todo o País.

Entrega os livros de que não precisas num Banco do Livro Escolar.

http://reutilizar.org/REUTILIZAR.ORG/REUTILIZAR.html

Reutilizar é ainda melhor que Reciclar!

segunda-feira, 8 de julho de 2013

diário - 08/07/2013

Liu Ye

«Deixei
P’ra trás
A Terra Mãe
Se calhar, não vou voltar
Ainda não te encontrei


Sou

A minha casa
Os passos que dei
Já vai rompendo a alvorada
E eu não pertenço a ninguém

Sigo esta estrada
Onde comecei
A mesma estrada
Que vislumbrei

O horizonte é tão largo
É um nunca acabar
Tudo muda à minha volta
Pareço estar sempre no mesmo lugar

E será que amanhã
Ainda vou recordar
As promessas que fiz
Junto ao mar?

Será que vou saber
Quando parar?...»

Teresa Salgueiro

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Cidadania Digital - do que é importante

"A Internet e as tecnologias móveis oferecem-nos muitas oportunidades se mantivermos o controle da nossa segurança. Para quem tem duvidas sobre o que conhece acerca de comportamentos seguros na utilização da Internet e nas tecnologias de informação e comunicação, a melhor maneira de estar seguro é estar informado" (...) 
"Encorajar o seu filho a manter-se seguro, a saber respeitar os outros e a saber fazer escolhas responsáveis é uma componente fundamental para a cidadania digital."

se vos apetecer e tiverem tempo, try it. why not? ;)
http://www.internetsegura.pt/quiz#.UdVsdfm1EeV

segunda-feira, 1 de julho de 2013

"British Council marks Social Media Day"

"The British Council is marking Social Media Day 2013 with a set of five golden rules to help parents and carers keep their children safe on social media.
Every year the British Council engages directly with up to two million children globally, and seven million indirectly through teaching, exams, programmes, and projects. The organisation is committed to keeping children safe and protecting them from all forms of harm and abuse."


Para saberem quais são (e mais), cliquem na ligação, if you please: http://www.britishcouncil.org/press/staysafe-portuguese#.UdHqivm1EeU

domingo, 30 de junho de 2013

quarta-feira, 26 de junho de 2013

...

(escutava Mahler quando anoitecia.
Enovelada, curvada sobre si mesma, o crepúsculo a misturar-se com o mágico lado interior das sinfonias.
Algumas tardes chorava.
Em surdina.
E tudo o resto apagava-se à sua roda: só ela e os anjos de armadura negra)

Maria Teresa Horta
Daniela Tieni

domingo, 23 de junho de 2013

"Once upon a time there was a girl and a boy. They fell in love." - Birds Are Indie

ontem houve Momento Tesourinho com Birds Are Indie (Joana Corker, Ricardo Jerónimo, Henrique Toscano), em Albufeira.
no final, o André tinha porque tinha de ir perguntar à Joana que instrumento era aquele que tinha tocado, e ela, bem, foi quase uma aula ali mesmo, em cima do palco...
ENORMES dentro de uma simplicidade cativante e com melodias de uma envolvência tão doce...
ansiosa por um próximo!

Joana Corker (Birds Are Indie)

sexta-feira, 21 de junho de 2013

"Hoje, tantos anos depois

... gostava de lhe poder dizer que uma dessas miúdas é a minha namorada, por quem estou apaixonado como quando andava no liceu. É essa a recordação que eu tenho da escola. De Amores transformados em lágrimas e lágrimas transformadas em abraços. É certo, mais um murro ou um pontapé à mistura.
Talvez hoje a escola não esteja a formar pessoas, não esteja a ensinar-nos a viver com o sucesso e com a derrota, ambos inerentes à própria vida. Talvez a competição instaurada entre alunos seja um erro e talvez a maior parte dos professores não tenha mais forças para realmente o ser.
Há qualquer coisa de errado nisto tudo, menos os putos."

http://naocompreendoasmulheres.blogspot.pt/

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O que eu gostei de ❤azeitoninhas panadas❤!

@Hard Club, Porto
(que é como quem diz, do fim de semanazinho.)

recadito: se não passaram em Serralves durante o fim de semana, penitenciem-se!

domingo, 2 de junho de 2013

por Oscar Wilde

"I don’t want adult or boring friends.
I want half kids and half elderly.
Kids, so they don’t forget the value of the wind blowing on their faces"

segunda-feira, 27 de maio de 2013

memyselfandi

...went to the movies on a Monday afternoon. all by herself.
"The Great Gatsby", Baz Luhrmann
and enjoyed it immensely!

*(não é por nada, mas não se esqueçam de passar pelo livrinho de F. Scott Fitzgerald com o mesmo nome, sim?)

segunda-feira, 20 de maio de 2013

'A' Maria faz anos. parabéns à Maria.


pouco amiga do 'politicamente correto', dona de uma irreverência e coragem assinaláveis! escritora, poetisa, jornalista, Mulher. em conjunto com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa aventurou-se com as "Novas Cartas Portuguesas", feito polémico e, a meus olhos, ímpar na história literária e política do meu país.
'A' Maria das 'Três Marias" chama-se Maria Teresa Horta e nasceu há 76 anos.
parabéns e obrigada por existires, Maria.


Onde uma tem 
O cetim 
A outra tem a rudeza 

Onde uma tem 
A cantiga 
A outra tem a firmeza 

Tomba o cabelo 
Nos ombros 

O suor pela 
Barriga 

Onde uma tem 
A riqueza 
A outra tem 
A fadiga 

Tapa a nudez 
Com as mãos 

Procura o pão 
Na gaveta 

Onde uma tem 
O vestígio 
Tem a outra 
A pele seca 

Enquanto desliza 
O fato 
Pega a outra na 
Enxada 

Enquanto dorme 
Na cama 
A outra arranja-lhe 
A casa

Maria Teresa Horta, Pequena Cantiga à Mulher

sábado, 4 de maio de 2013

diário - 04/05/2013

Erin McGuire

["Porque o amor, filho." No fundo é isso: quando penso naquilo que é efectivamente importante para mim, e coloco uma lupa em cima disso, e quando penso no que faz ficar de consciência tranquila de dar aos outros vai sempre dar ao amor.] - José Luís Peixoto, sobre "Abraço".

quinta-feira, 25 de abril de 2013

segunda-feira, 22 de abril de 2013

diário - 22/04/2013

@work, hoje.


mais uma vez debatido. 
e mais uma vez a esperança renovada nas almas lindas que o debateram, tal como eles/elas o são. naturalmente. 
sem mais. 
nem menos...

quinta-feira, 18 de abril de 2013

quinta-feira, 11 de abril de 2013

dias úteis...

Dias úteis 
às vezes pretextos fúteis 
pra encontrar felicidades 
no percurso de um só dia 
Dias úteis 
são tão frágeis, as verdades 
que se rompem com a aurora 
quem as não remendaria? 
Dias úteis
mesmo se a dor nos fizer frente
a alegria é de repente
transparente
quem a não receberia?
Mesmo por pretextos fúteis
a alegria é o que nos torna
os dias úteis
Dias raros
aqueles que por amparos
do bom senso e da imprudência
fazem os prazeres do dia
Dias raros
como os ares, Rarefeitos
amores mais do que perfeitos
quem os recomendaria?
Dias raros
em que os mais dados às rotinas
ouvem sinos, seguem sinas
cristalinas
quem as não perseguiria?
Por motivos talvez claros
o prazer é o que nos torna
os dias raros
Por pretextos talvez fúteis
a alegria é o que nos torna
os dias úteis
Por motivos talvez claros
o prazer é o que nos torna
os dias raros
Por pretextos talvez fúteis
por motivos talvez claros


Sérgio Godinho

quinta-feira, 4 de abril de 2013

diário - 04/04/2013



"there's nothing as sad
as a man on his back
counting stars
but, I want to believe
yes, I want to believe


'cuz there's nothing as sad
as a man on his back
counting stars"

(Low, Little Argument with Myself)


sábado, 30 de março de 2013

Nenhuma borboleta é igual à nossa,

mas se vieres daí, Primavera, fazemos uma igual especialmente para te alegrar...

hoje foi dia de iguarias. passámos a tarde na cozinha e, entre outros manjares de fazer criar água na boca, fizemos um bolo "borboleta" para abrilhantar o nosso lanchinho de Páscoa.
e depois, como andamos a fazer de tudo para chamar a Primavera (já devem ter percebido), também achámos que talvez ela se sentisse seduzida pela nossa obra e resolvesse aparecer, finalmente...

a massa tem o dedo (ou as mãos) da mãe também. a decoração é exclusivamente da autoria do André.
para vocês, com votos de...


Boa Páscoa! =)

sábado, 16 de março de 2013

Fragmento, Estética do Artifício

"A vida prejudica a expressão da vida. (...) Eu próprio não sei se este eu, que vos exponho, por estas coleantes páginas fora, realmente existe ou é apenas um conceito estético e falso que fiz de mim próprio. Sim, é assim. (...) Esculpi a minha vida como a uma estátua de matéria alheia ao meu ser. Às vezes não me reconheço, tão exterior me pus a mim, e tão de modo puramente artístico empreguei a minha consciência de mim próprio. Quem sou por detrás desta irrealidade? Não sei. Devo ser alguém. E se não busco viver, agir, sentir, é - crede-me bem - para não perturbar as linhas feitas da minha personalidade suposta. Quero ser tal qual quis ser e não sou. Se eu cedesse destruir-me-ia."

Bernardo Soares, O Livro do Desassossego

quarta-feira, 13 de março de 2013

(n)o meu país...

"não desisto

São dez da manhã e estou à espera de ser atendido no Centro de Emprego. Não faço a mínima ideia que só vou sair dali às quatro e vinte da tarde, depois de uma longa e inesperada espera. Hoje foi este o meu dia.
Tenho na mão uma capa com toda a papelada que acumulei desde que caí nas malhas do desemprego, incluindo todo o processo que vou levar a tribunal, mais o primeiro volume de 1Q84, do Haruki Murakami, que a minha namorada me ofereceu. Nunca agradeci tanto um presente, acho eu.
Já li, aliás, cerca de cem páginas do livro quando o meu estômago começa a dar os primeiros sinais de apetite. Tenho a senha B091 e vai na B034. É uma da tarde. Passo em revista quase todas as caras das pessoas que se amontoam naquele espaço exíguo, algumas em pé, outras sentadas. Há alguns sorrisos que me parecem esforçados, há ausência na maior parte dos rostos e, para piorar, sinais de evidente derrota em alguns deles.
O homem ao meu lado, por exemplo, que deve ter uma idade a rondar os sessenta anos, está ferido num olho e sua tristeza por todo o corpo. Tira um bocado de pão do bolso esquerdo e come-o em pequenos pedaços, sem mais nada, escondendo-o dos demais. Não é por medo que lho roubem. É, parece-me, para preservar alguma eventual réstia de dignidade que ainda tenha.
Algumas vozes, ainda que contidas, protestam com as funcionárias que vão chamando lentamente os utentes. Chamam-lhes preguiçosas das mais diversas maneiras mas, em abono da verdade, acho injusto. Não vi nenhuma parada. Sei por experiência própria que alguns processos são bastante demorados. Não deixa é de ser curioso que, onde há tantos desempregados à espera de vez, não empreguem mais ninguém para atender. Rio-me, para dentro, do meu próprio país. Tenho pena de o fazer.
Sinto um toque no joelho. É uma criança que olha, babada, para o chocolate que entretanto abri. Parto uma porção generosa para lhe dar, mas primeiro procuro a autorização no olhar da mãe, que está algumas cadeiras ao meu lado. Ela abana ombros, consentindo com vergonha. A criança agradece, sem saber que eu é que lhe agradeço ainda mais. A mãe tem uns olhos tão bonitos que parecem um oásis naquele deserto de emoções. São negros, e fico com a sensação de que é impossível adivinhar o que está por trás deles. Apaixono-me por dois minutos. Valeu a pena o chocolate. A criança afasta-se.
Fixo os olhos no chão, como que para fugir dali por uns momentos, apesar da noção de que é impossível esconder-me. Fixo uns sapatos cujas solas estão quase todas descoladas. Parecem bocas abertas e, como tal, gritam em silêncio. É o que eu estou a fazer, a gritar em silêncio. A pobreza é pornográfica e está ali, à vista de todos sem chocar ninguém. É chocante.
Não desisto, penso. Chegou a minha vez de ser atendido. Chegará a nossa vez de viver."

sábado, 9 de março de 2013

quando as coisas não nos devolvem nada

esta noite vai sair outra vez. nunca são longas, as saídas. nem são assim tantas. ainda assim, é mais uma saída...
cuidou dela durante toda a tarde, agora escurece e vão sendo horas de aparecer no restaurante. esperam-na os amigos do costume, colegas de trabalho na sua maior parte. e, esperam-na também, as conversas: o estado do país, os impostos que não param de aumentar, as despesas com a casa, o carro, com os filhos.... falar-se-á inevitavelmente nas proezas profissionais e na falta delas; e nas gripes que persistem, fruto deste mau tempo, claro...
é verdade que tudo se revela algo terapêutico, menos solitário. convive-se, observa-se, constata-se. principalmente, partilha-se. partilham-se.
até que as horas se cumprem e como sempre, um regresso a casa.
há um novo regressar, que de novo nada tem. é a mesma urgência em voltar para o familiar, em mudar para uma roupa confortável, em espreitar o computador antes de dormir, em se esticar no sempre silencioso quarto.

esta noite insistiu em sair outra vez.
e já deitada, continua sem entender porque insistem as pessoas em cenas que não lhes devolvem nada...


sexta-feira, 1 de março de 2013

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

"Deito-me tarde...

Vânia Medeiros
...Espero por uma espécie de silêncio
Que nunca chega cedo
Espero a atenção a concentração da hora tardia
Ardente e nua
É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho
É então que se vê o desenho do vazio
É então que se vê subitamente
A nossa própria mão poisada sobre a mesa

É então que se vê o passar do silêncio"

sophia de mello breyner andresen

sábado, 23 de fevereiro de 2013

José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, (Aveiro, 2 de Agosto de 1929 — Setúbal, 23 de Fevereiro de 1987)


“Venha a maré cheia
Duma ideia 
Para nos empurrar

Só um pensamento 
No momento 
Para nos despertar

Eia mais um braço 
E outro braço
Nos conduz irmão

Sempre a nossa fome 
Nos consome 
Dá-me a tua mão

Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores”

José Afonso



A 23 de Fevereiro de 1987, partia deste mundo que é o nosso, José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, o nosso querido Zeca Afonso.

Por representar tanto para este país, para tanta gente, e em especial para O Quinto Andar, aqui fica a  singela, e mais que merecida homenagem.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

QE vs QI?

há algum tempo atrás, já eu tinha lido um artigo que me proporcionou alguma orientação em termos profissionais no que diz respeito a este assunto. basicamente, sugeria que a inteligência emocional é o ingrediente essencial para uma carreira profissional com um sucesso acima da média. mais do que a intelectual. ora, isto interessou-me sobremaneira, pois esta é uma noção da qual o nosso sistema educativo está cada vez mais arredado. o que se pretende é obter resultados (estatísticos) e os professores são levados a orientar as suas aulas cada vez mais em função disso, o que, sem dúvida, acaba por ser demasiado redutor. e, muito provavelmente, um conceito ultrapassado, pois no mesmo artigo constava que, em alguns países, as empresas já orientam as suas entrevistas de emprego baseando-se nesta teoria e tem-se comprovado a eficiência. 
em conversa com um colega, descobri agradavelmente que, por cá, as universidades já se vão mostrando interessadas e predispostas em apoiar os seus departamentos de empresariado jovem e o que daí resulta. espero, muito sinceramente, que se comece a fazer luz.


domingo, 20 de janeiro de 2013

hate fake!

O nosso tempo prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência à palavra. O que para ele é sagrado não é senão ilusão e o cúmulo da ilusão é o cúmulo do sagrado. O espectáculo é o capital num tal grau de acumulação que se torna imagem. Num mundo realmente invertido, o verdadeiro é um momento do  falso.

Guy Debord, A sociedade do espectáculo

domingo, 13 de janeiro de 2013

no jornal Público, Helen Fisher. (ainda a ler)


<<É um dos motores mais poderosos dos seres humanos, gerou milhares de palavras para o tentar descrever e continua a ser um dos grandes mistérios. Recentemente, vários estudos têm tentado explicar o que acontece, não ao coração mas ao cérebro, quando nos apaixonamos por alguém.

E o que se acende é isto: "Um grupo de neurónios localizados no mesencéfalo começa a produzir dopamina que se espalha a muitas partes do cérebro e nos dá aquela focalização, energia, possessividade, desejo, obsessão e motivação para ir ter com a pessoa (...) A primeira coisa que acontece é que a outra pessoa passa a ser especial – tudo nela passa a ser especial. Depois começamos a focar-nos nas coisas de que gostamos na pessoa, ficamos em êxtase quando as coisas correm bem e desesperados quando correm mal, ganhamos imensa energia, tornamo-nos muito possessivos sexualmente, sentimos dependência emocional e física. Mas o que queremos mesmo é a união emocional. E acontece aquilo a que chamo de pensamento intrusivo: não conseguimos deixar de pensar na pessoa, alguém está acampado na nossa cabeça."
>>


sábado, 12 de janeiro de 2013

Ida ao shopping

Acabadinhos de estacionar, saíamos do carro:

- ui! este monóxido de carbono dá cabo de mim!
- hã? - digo eu de olhos arregalados.
- mãe, acorda! o monóxido de carbono é um dos principais poluentes da atmosfera, e com tanto carro num estacionamento subterrâneo como este, não sabes o que faz à nossa saúde!
- bem... vamos sair daqui depressa, então - digo eu (ainda a processar a prontidão de tanta informação)
- se calhar, passávamos era a vir a pé, então.
- ... 

(e a pensar que não há nada como ter filhos sabichões =S )

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

pois é!

by Banksy
resta-nos desenvolver estratégias sobre como juntar o agradável ao útil. o resto, é uma questão de perspectiva... logo, ficaram as saudades da hospitaleira Dublin de 2012, mas será bom (re)ver a irreverente Amsterdam de 2013...

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

diário - 13/01/08

I miss the friends I had

They're no longer mine
 figured out a speech  
To tell them I was wrong
 
About a few too many things 

About a few too many words

I miss the friends I had

But they're no longer mine

I wish that I could be

The people I dismissed

I'll respect the enemy
Conflicts ain't that hard

And did I push too hard

Did I play against you

I miss the times we had

But you're no longer here

And I still want to feel the kicks

But it all just comes apart

And I wish I could make it right 
With a brotherly handshake


And I still want to feel the kicks

But the future is coming up

And if god protects my soul 
Then I shouldn't be that low

(Kicks, The Mary onettes)