terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Voltar à Terra

Moro longe da minha terra natal. Morar-se longe da terra natal nem sempre é um processo fácil. Dependendo de cada um de nós e do factor ou factores que contribuíram para tal, muito provavelmente, o afastamento terá trazido momentos de grande tristeza e dor, principalmente naqueles primeiros tempos que se seguem à mudança. Com o tempo, acabamos por nos adaptar e mais tarde, muitos de nós, já nem conseguem conceber a ideia de voltar a viver na terra que nos viu nascer.
Sair do ninho, não sendo fácil, é um período de enorme crescimento e enriquecimento pessoal. Se for como no meu caso, o ir para a universidade, seremos de alguma forma obrigados a aprender a dividir o nosso espaço e as nossas coisas com estranhos. Estranhos estes que passam a fazer parte do nosso íntimo e tornam-se o mais próximo que temos de família. Uma nova família.
Com o tempo, descobrimos que precisamos uns dos outros. Estamos longe de casa. Longe de tudo o que é “nós” e precisamos de nos apoiar uns nos outros. Tornamo-nos dependentes afectivamente destas novas pessoas, deste novo lar, desta nova noção de família. As partilhas nesta família são diferentes, mas muito interessantes, fascinantes até, em alguns aspectos. Moldamo-nos. Crescemos. Aprendemos a viver uma nova ideia de vida.
Houve alturas em que pensei muitas vezes que as pessoas que não têm que sair do meio em que cresceram e ao qual pertencem, por todas as razões, eram umas sortudas. Nunca passaram pela dor da separação. Nunca sentiram o coração apertadito nem lhes brotou do olhar uma lágrima de saudade. Neste momento, não penso da mesma forma. A dor da separação não a terão sentido, mas a alegria de conhecer novos universos humanos, de contar e ouvir experiências, de saberem que existe outra forma de mundo para além daquela que os moldou, será algo que nunca conhecerão. Nunca experimentaram outro molde.
Tudo nesta vida é relativo, as coisas só têm a importância que lhes damos, é um facto. Mas também é um facto que, com esse tipo de raciocínio, poderíamos optar por não dar importância a nada e que espécie de vida teríamos nas mãos, então?
Seja como for, o regresso à terra é sempre uma grande alegria. O tempo para colocarmos as conversas em dia com os amigos de infância e família nunca chega, são já muitos meses, muitos anos de distância. Nunca a troca de mimos será suficiente para colmatar tanta ausência. Enquanto estamos, os dias enchem-nos e esvaziam-nos, mas completam-nos tanto!
Quanto às partidas, bem, cada uma delas, todas, vão acrescentando um bocadinho escuro ao coração, que se junta aos outros que já lá estão, tornando o pedacito escuro cada vez maior. O pedacito escuro só aparece nas partidas. A cada regresso, o coração esquece-se dele, mas ele volta a lembrá-lo sempre que está lá.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Um Sopro no Natal

A capacidade de arrependimento é algo que não tenho. Acredito na minha intuição, é ela que me tem guiado nestes anos todos de vida (excepto num período de 2 ou 3) por esta razão trato-a bem. Quero eu dizer com isto que tento incutir em tudo aquilo que faço a capacidade de usufruir sem me preocupar com os outros. Não faço nada que prejudique terceiros, pelo menos acredito nisso. Mas sou uma humana dedicada a tudo e muito pouco dedicada ao que não me interessa. Tal como já o disse num post anterior tudo o que faço tem uma intensidade própria do momento, penso que deveria acontecer com nós todos. Sei, no entanto, que tal não acontece, por aí há muita gente que não sabe muito bem porque come! Voltando à intuição digo-vos que esta diz-me exactamente quando estou preparada para ler. Isto porque quero ser surpreendida pelo livro, pela escrita ou pela história. Esta é a razão que me faz ler quando sei que tenho que ler, quando sinto que o tenho que fazer e, quando isto acontece, tudo à volta pára para que eu possa chegar ao fim. Estou numa idade em que já aprendi a deixar de lado as tretas que me fazem perder tempo, provavelmente já não viverei o dobro. Portanto há que aproveitar os segundos. Assim foi o dia de hoje. Há já algum tempo que o livro me chamava à atenção mas eu sabia não ser a hora exacta. Entretanto li uma entrevista em que o José diz que o seu último romance Anjo Branco era precedido da Vida num Sopro e achei que esta era a razão da minha espera. O facto de não ter lido o primeiro prendia-se com uma intuição para ler o resto da história. Mais uma vez foi isso que eu fiz hoje, dia de Natal, entre comer e beber e cozinhar, o livro andou pegado às minhas mãos e num autêntico sopro foi lido. Amanhã comprarei o outro. Não me arrependo de ter dedicado um dia inteiro a viver uma história deveras rica e a pensar que há pessoas com vidas realmente arrebatadoras, completamente alucinantes. E há muitas outras que nem com livros lá chegarão!


Celeste Silva

sábado, 18 de dezembro de 2010

30 seconds to mars - A emoção escaldante

Ele há coisas que eu sei que quero fazer na vida e muitas delas são partilháveis. Assim que os bilhetes foram postos à venda comprei dois, a quatro meses do concerto, não porque tivesse medo que esgotassem mas para não ter desculpa de não ir. Um dos bilhetes era inquestionavelmente para a minha filha porque partilha comigo a mesma emoção relativa ao trabalho de Jerad Leto e não perderíamos uma oportunidade de o ver de perto e de poder “cantar” e dançar com ele.
Lá nos pusemos a caminho no dia do concerto depois das aulas, chegámos ao local a tempo de ver umas filas inacreditáveis de adolescentes maioritariamente femininas com cobertores em cima, faziam uns míseros 9º em Lisboa, às 18h. Rapidamente entrámos no centro comercial para aquecer e comer, esperámos que as filas começassem a escoar e lá fomos nós. Para mim um concerto nunca é só um concerto, há sempre um envolvimento mais alargado em tudo o que faço, os momentos antes, os durante e derradeiramente os depois. Neste senti que estava próxima de Jerad Leto pelo menos na idade uma vez que estava rodeada de muitos filhos, alunos e sobrinhos. Pensei que iria ser um desastre com tantas crianças por ali espalhadas. Dou a mão à palmatória, as crianças portaram-se bem, gritaram e desmaiaram o que fez com que a segurança da banda tivesse vindo dar água à boca das espectadoras. Tinham as letras na ponta da língua e de tanto suar e gritar desidrataram. Muito hidratado estava o Mr. Leto, um verdadeiro showman (lembro que ele tem uma carreira cinematográfica a ter em conta). Quem diria que este senhor com 40 anos, a fazer ainda este ano, teria aquele aspecto de quem acabou o liceu e que anda à roda como se estivesse ligado a uma banda larga. Fez mais do que dar um concerto, deu um autêntico e original espectáculo, com um palco muito simples, sem grande iluminação nem jogo de luzes valeu ele e a banda e esteve à altura dos grandes. Do resto do grupo só posso dizer que se não os conhecesse também não os ficaria a conhecer. Tomo tem o cabelo pela cintura e escondeu-se atrás do mesmo e Shannon sentado na bateria concentrou-se de tal forma que só no fim consegui ver-lhe a cara quando agradeceu. A minha filha, Sofia, diz que ele nunca sorri, provavelmente tem a ver com a infância triste que partilhou com o irmão Jerad. Foi por isso que Jerad se dirigiu ao público dizendo que tal como eles, nós, os portugueses, apesar de pequenos somos uns sobreviventes. Passou, também, a ideia que acredita unicamente no bater dos corações, na sua energia e na verdade daquilo que somos, declarando guerra a tudo o resto. Preocupou-se desde o início em que se passasse ali uma noite memorável e que acreditássemos nas letras e na mudança para um mundo diferente. Resta-me dizer que vibrei tanto que ainda me dói o corpo, que me soube a pouco e que estaria ali até sair desidratada como as pequenas que já referi. Levaram-me a Marte e por lá andei duas horas a abrasar.  

Celeste Silva








quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O mundo à minha maneira

"o tenho a pretensão de que todas as pessoas de quem gosto, gostem de mim, nem que eu faça a falta que elas me fazem. O importante para mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível, e que esse momento será inesquecível"

Acabei de ler esta citação algures na internet. Acho isto, como muitas outras citações que por aí circulam, muito digno e nobre. Ficar-me-ia muito bem dizer que a subscrevo inteiramente, imagino. No entanto, não sou capaz de (e por mais que me ficasse bem) dizer que concordo com ela ou que é a minha máxima de vida. Realmente, não é.
Talvez nem sempre, mas sei que tenho a pretensão de que todas as pessoas de quem gosto, gostem de mim, também, e, de igual forma. E gostaria muito de saber que sentem a minha falta da mesma forma que sinto a falta delas. Parece-me que se gostamos de saber que num momento fomos importantes, melhor ainda sabermos que somos sempre importantes. 
É óbvio que o que digo não existe, o que não quer dizer que não gostaria imenso que existisse. Aliás, se pudesse, não seriam só as citações que mudaria. Grande parte do mundo ou do que nele existe, eu mudaria também. À minha maneira. 

domingo, 5 de dezembro de 2010

A minha agenda de 84/85

Sempre gostei de agendas. Digo sempre porque desde que me entendo por gente que tenho uma. Tenho fases em que sou mais dependente delas outras em que nem tanto, mas tenho sempre que saber que ela existe em algum recanto da minha bolsa para qualquer eventualidade, para escrita ou consulta.
Nos meus tempos de teenager adorava exibir as minhas agendas. Não sei se eram assim tão diferentes das que existem para os miúdos de hoje, mas iguais às minhas, no meu circulo de amigos, na altura, ninguém tinha.
As minhas eram presente de uma prima que vivia na Holanda e que todos os anos se lembrava de comprar uma igual à dela para mim e enviar-ma. Ora bem, isto, em termos funcionais, trazia alguns obstáculos (a dita cuja vinha em holandês), mas a utilização que eu dava às ricas agendinhas ultrapassava-os.
A minha agenda de 84/85, por exemplo, ficou espectacular, por assim dizer. Espectacular porque, para além de todas as fotografias dos meus idolos de então que a própria trazia, eu "enriquecia-a" com quadras, citações, pensamentos, poemas... cujos conteúdos faziam as delícias do meu coraçãozito adolescente. Depois, colava-lhe também imagens que recortava de revistas (da tal "Coquete", da tal "Miúda" e outras), criando uma espécie de bolsinhas que me permitiam guardar lá dentro outros recortes que poderiam fazer falta para colar em algum lugar (capas, cadernos, quarto, bilhetinhos para as amigas...). Hoje parece não fazer grande sentido, mas na altura fazia todo. 
Agora, dá-me um gosto imenso olhar para tudo isto. =)








sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Lyrics

Nos dias de hoje, quando queremos saber a letra de uma qualquer musica que ouvimos e não conseguimos memorizar, é tão fácil encontrá-la! Computador. Lyrics. Googlamos. Ela aparece. Para colocar excertos das mesmas no Facebook, então, é um mimo.
Quando eu era miúda, para conseguir as letras das musicas das canções que gostava, e das quais não tinha o disco (os discos quase sempre traziam as respectivas letras), havia duas coisas que fazia: depois de as gravar da rádio (RFM, no caso), para uma cassete (processo que podia levar algum tempo, pois era certo e sabido que um locutor iria falar já depois da musica começar ou antes de ela terminar), era carregar no play, no pause, puxar a fita para trás, puxar para a frente, até conseguir passar para o papel a dita letra. O outro processo, era comprar as revistas onde tais letras pudessem vir publicadas. Na Bravo, podia ser, mas ainda antes de ter descoberto a Bravo, costumava eu comprar duas revistinhas pequeninas muito engraçadas e interessantes (achava eu na altura) que se chamavam "Miúda" e "Coquete", nas quais havia uma letra diferente todas as semanas. Recortava as letras e levava-as comigo quase sempre, numa daquelas bolsas de plástico da capa da escola, para quando me faziam falta. E faziam falta, por exemplo, nos intervalos das aulas, quando surgia a oportunidade de ouvir umas musiquitas e convinha ter à mão a letra para poder acompanhar até memorizá-las totalmente...
Guardo algumas até hoje (tenho grande carinho por esta recordação). Guardarei sempre.
Penso que as fotografias falam por si.



sábado, 30 de outubro de 2010

Life as we know it...

é o nome do filme que acabei de ver. Não. Desta vez não vou elogiar actores ou comentar a relevância dos conteúdos abordados. Desta vez vou mesmo é relatar uma das cenas que surgem logo no início do filme, quando os protagonistas se conhecem (blind date).
Cumprimentaram-se pela primeira vez e decidiam o restaurante onde iriam jantar quando colocaram as "cartas na mesa", pois acharam que a coisa não iria correr bem... A mocinha ainda se dispôs a fazer o sacrifício, mas o herói convenceu-a de que talvez não fosse uma boa ideia. Boa ideia mesmo seria ele sair com os seus amigos(as) e ela, bem, ela... talvez fazer o que raparigas como ela costumam fazer a um Sábado à noite, tipo, "read... and blog... do you have a blog?... You look like a person who has a blog..." Relevância deste post: Should one be worried?????

A banda sonora do filme? De primeira! Ora vejam:

domingo, 24 de outubro de 2010

Nós sós dava tanto jeito!

Às vezes tentamos, lutamos, esperamos, resistimos, insistimos e... cansamos, inevitavelmente. Expiramos. Baixamos o olhar. Os braços, também. Decidimos ir em frente, tem que ser, se não por nós, por alguém há-de ser, mas já não é em frente que olhamos. Espetamos os olhos em cada pedaço de chão e ansiamos por chegar ao destino sem qualquer tipo de abordagem. Calamos. Só nos queremos a nós e estar connosco. Tornamo-nos egoístas de nós mesmos e gostamos de nós sós. Nós sós somos os maiores. Nós sós não nos decepcionamos. Nós sós sabemos com o que podemos contar. Nós sós ficamos bem com o muito e com o pouco. Nós sós não esperamos, nem pelo tudo nem pelo nada. Nós sós não nos atrasamos nem nos adiantamos. Nós sós não queremos, mas também não deixamos de querer. Nós sós sonhamos e só nós sabemos o que sonhamos e sabemos que não passa de um sonho e, mesmo assim, não nos envergonhamos de o sonhar. Nós sós vivemos a vida que somos nós e deixamos viver. Nós sós dava tanto jeito!
Às vezes é tão difícil não desistir.

Mais do que palavras... XIX




 Como é possível perder-te
 sem nunca te ter achado
 nem na polpa dos meus dedos
 se ter formado o afago
 sem termos sido a cidade
 nem termos rasgado pedras
 sem descobrirmos a cor
 nem o interior da erva.

 Como é possível perder-te
 sem nunca te ter achado
 minha raiva de ternura
 meu ódio de conhecer-te
 minha alegria profunda
Maria Teresa Horta 

sábado, 23 de outubro de 2010

Castelos de areia

Sempre gostei muito da Julia Roberts! Por variadíssimas razões, que não me apetece enumerar agora, mas, principalmente, porque quando caminha "mete" os joelhos para "dentro", facto que me deixa felicíssima, pois é bom saber que há mais como eu e, ainda assim, huge!
Gostei da Elizabeth Gilbert, por variadíssimas razões, mas, principalmente, pela sua restless nature, facto que me deixa felicíssima, pois é bom saber que há mais como eu e, ainda assim, huge.
Gostei do filme "Eat, Pray, Love" e ainda estou a gostar do livro...
Orgulho em ser mulher. Enorme orgulho em ser memyselfandi.
Castelos de areia? Muitos!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Sweet 18

De manhã, no cabeleireiro, apareceu por lá uma miúda encantadora que irradiava fresquidão e toda ela era sorrisos. Queria ficar bonita, disse, pois era o dia do seu aniversário. 18 anos. O telemóvel não parava, sms's que não acabavam mais e lhe iluminavam o rosto com sorrisos cada vez mais bonitos. De todas as que lá estávamos, era ela a mais novinha. Por alguma razão, o nosso instinto maternal, aliado ao facto da miúda nos fazer lembrar os 18 anos de cada uma de nós, criou, naquele lugar, um ambiente terno e todas parecíamos torcer para que a rapariga não parasse de sorrir e de partilhar o que lhe ia na alma. Telefonema do pai, felicidade imensa estampada naquela carita. Telefonema da mãe, reacção semelhante, mas mais efusiva, porque esta a informou que tinha colocado na sua conta  150 euros para gastar no que lhe apetecesse. Bem! Até lágrimazita no canto do olho nós vimos e tudo! A miúda era tão transparente! Lembrou-me alguém. Comentámos, mais tarde, como seria bom ficarmos tão intensamente felizes pelo simples facto de nos terem oferecido 150 euros. Não quero eu dizer que 150 euros é pouco, de maneira nenhuma! Embora não me possa queixar no que diz respeito às minhas prendinhas de aniversário por esta altura, que foram sempre algumas (família numerosa), não me recordo de ter recebido uma prenda de 30 contos de uma só vez! O que todas questionámos, acho, foi o facto de já não termos a capacidade de sorrir desta forma, com o coração infinitamente feliz por uma coisa tão singela...
Como eu desejo àquela miúda que continue a irradiar "luz" desta forma e que nunca deixe de ter a capacidade de soltar uma lágrima de felicidade por cada gesto de carinho que receba.

Foto: Memyselfandi, 18

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Concerto dos U2: o que nem todos viram...

A pedido da Dona deste cantinho tão interessante, vou falar um bocadinho daquela que é a “melhor banda da actualidade” e da minha segunda experiência num concerto da mesma. 
Estou, para quem ainda desconfia, a falar dos U2. Como tantas vezes ouvi dizer estes últimos dias, a maior empresa da Irlanda. Ora, se nós somos a maior empresa, seja do que for, temos que, obrigatoriamente, ser muito bons…como é o caso!
Os U2 actuaram sábado e domingo, dias 2 e 3 de Outubro, em Coimbra, tendo estado em Sevilha no dia 30 de Setembro. Três concertos mais que seguidos. Isto requer, obviamente, muito esforço e, sobretudo, muito profissionalismo. Diz quem esteve na noite de dia 2 que o concerto foi indescritível e memorável. Eu não posso dizer exactamente o mesmo. Foi seguramente um concerto que ficará na minha memória como tantos outros. Na minha memória ficará (não por ter ficado à frente uma vez que no anterior também fiquei, mas  talvez porque estou mais observadora) um profissionalismo e uma camaradagem impressionantes. 
O vocalista, Bono, como sabem, foi operado recentemente à coluna e apesar de nos ter dito que queria fazer daquela noite a melhor dos nossos dias não creio que para ele tenha sido. Quando cantava Mysterious Ways’ magoou-se e continuou o concerto em perfeita agonia que só quem viu entendeu como ele é, acima de tudo, “O Bono”. Em ‘Magnificent’ engasgou-se de tal forma que só após um membro da equipa de apoio o ter ajudado e à custa de muita água, conseguiu acabar de cantar. Devo dizer que saí do concerto impressionada com o grupo, o entendimento e a entreajuda. Nenhum dos outros membros da banda brilhou mais que o próprio Bono. Acataram uma postura mais intimista o que transformou o concerto numa reunião lá em casa. Eles estiveram o tempo todo na nossa casa, brindaram-nos com um mega espectáculo de cor e efeitos especiais e ao som do “Space Oddity” de David Bowie iniciaram a viagem ao longo de mais de duas horas de magia sofrida e de êxtase dos 45.000 convidados. Momentos especiais como “Sunday Bloody Sunday”, “Where the streets have no name” ou “Elevation” elevaram a um “Beautiful day” todos os que depois de terem apanhado muita chuva os viram abençoados pelo São Pedro sem uma única pinga! Só o poder da música e das boas energias o consegue! 
Entre mensagens de Paz que já caracterizam a Banda, Bono anunciou que o valor dos bilhetes da RED ZONE seria entregue para a investigação sobre o HIV. Para nos brindar com algo diferente e especial, talvez por não estarem tão efusivos, tocaram em primeira mão a canção “Boy Falls From The Sky” que irá fazer parte da banda sonora do novo filme do Homem Aranha. Desta vez e com muita pena minha nenhuma menina subiu ao palco para poder dançar com o vocalista. Pena, de facto. No entanto, entoamos em conjunto e com a coordenação do Bono um “éfe-érre-á’ correspondente à cidade em que nos encontrávamos e com o bom humor e assertividade que os caracteriza, finalizaram o concerto ao som de ‘Singing in the Rain’ de Sinatra com direito a chapéu-de-chuva e coreografia divinamente desempenhada. 
Vi um concerto de uma banda comovida, agradecida, muito profissional que me brindou com uma noite emocionalmente diferente.  


Celeste Silva











quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O segundo aninho

Último dia de Setembro e tinha mesmo que arranjar um tempinho para assinalar mais um ano de existência do meu querido bloguinho. É ainda um bébé e, com dois aninhos, espero que entre naquela fase em que enternece com a revelação constante de descobertas fantásticas, tal como se de um bebé verdadeiro se tratasse.
Há um ano atrás assinalei a data com o texto que se segue:

Hoje é uma data muito importante para mim. Não é o aniversário de alguém chegado, nem a comemoração de um acontecimento que envolva pessoas, mesmo assim, muito importante.
Faz hoje um aninho que o primeiro texto nasceu neste meu cantinho. E não é que já passou um aninho e sobrevivemos juntos, o blogue e eu?!

Quando comecei a criá-lo pensei tantas vezes se teria a motivação, a inspiração, o tempo necessários para me dedicar a ele e para o alimentar, para continuar...
Por vezes tinha uma necessidade enorme de gritar para que alguém me ouvisse. Gritos mudos de revolta, de dor, mas também de alegria. Através do blogue, os gritos não são assim tão "mudos". Descobri que há quem os oiça e me diz que grita comigo. Há apenas quem os oiça. Mas mesmo que eu o não saiba, partilhar o "meu eu" aqui tem a vantagem de me fazer acreditar que alguém me ouvirá. A vontade de gritar até diminuiu! Já só é preciso um careless whisper e é provável que alguém me oiça.
Muito do aqui publicado foi nostálgico, só, triste, até. Ainda assim, muitos momentos houve de animação e musiquinha boa! Talvez se sigam a felicidade, o optimismo, a alegria.
Este blogue não tem, nem nunca teve, a pretensão de servir de fonte de pesquisa a alguém, ou de ser rotulado ou premiado.
Este blogue foi fruto da solidão e do inconformismo, principalmente. Mas foi também motivado pela vontade de "dizer" coisas aos outros, de falar com o mundo.
A todos os que passaram por aqui neste aninho, um obrigado por terem "entrado" no Quinto Andar.

Um ano depois, posso assegurar-vos de que se seguiram muitos momentos felizes e alegres e que o optimismo prevalece.
Mais uma vez, obrigada pelas subidas ao meu "cantinho" e espero continuar a merecer as vossas visitas. Já agora, quando subirem, deixem o elevador e usem as escadas, sempre vão fazendo exercício... ;)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

The sound of crying...

Acabei de presenciar um episódio no supermercado absolutamente violento. Impressionada até agora. Revoltada. Decepcionada com a natureza humana sempre que sou "obrigada", "forçada" a lembrar-me que existem comportamentos deploráveis que jamais entenderei.
Formou-se um pânico geral porque uma criança tinha desaparecido de perto do avô e não havia rasto dela. Entre funcionários e clientes, tudo olhava em volta, corria, perguntava, espreitava. Fiquei imensamente apreensiva e já rezava para que a criança aparecesse, é sempre uma aflição tão grande quando estas coisas acontecem! Ouviu-se a voz de uma funcionária dizer que ouvia o menino dentro da casa de banho e que este chorava e chamava pelo avô. Alívio! Procurou-se a chave que abria a porta. Abriu-se a porta e o menino (que devia ter por volta dos três anos) saiu, completamente em pânico, e procurou os braços do avô. E o avô? Bem, o avô pegou-lhe na mão, arrastou-o pelo chão e, uns metros à frente, desatou a dar-lhe açoites enquanto lhe gritava "é para aprenderes a não sair de perto de mim", mas tantos, a ponto da criança fazer chichi ali mesmo... Fiquei estarrecida. Tudo olhava. Uma funcionária ainda arriscou "o menino está assustado, não lhe bata!" Levou com a resposta que imaginam. Eu observava um pouco afastada o sucedido e ao meu lado ouvi uma senhora (?) que comentou "que mal é que faz dar uns açoites ao miúdo. Se calhar até merecia mais." Olhei para ela. Não me contive. Perguntei-lhe que bem é que os açoites fizeram ao menino. Perguntou-me se tinha filhos. Que sim. Se nunca me tinha acontecido. Que não. Que tinha sorte. Que a sorte às vezes também precisa de uma ajudinha, mas, caso me acontecesse algo semelhante, seria a primeira a acalmar o meu filho e a assegurar-lhe que não haveria lugar no mundo que o fechasse de mim. Que era conversa. Perguntei-lhe se ela tinha filhos. Que sim.
Estando eu tão longe como qualquer um(a) de nós de ser a/o mãe/pai perfeita(o) e, tendo eu consciência de que tal não existe, ainda assim, fixei-a infinitamente e lamentei, em pensamento, tal facto...

"And if you're listening out there
You could consider this a prayer..."

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A tal visita à madrinha (que, por acaso, mora em Londres ;)

E pronto. Encerrado definitivamente o período de férias. Espera-me, agora, um ano de muito trabalhinho, e ainda bem.
O Verão, este ano, foi, indubitavemente, refrescante (to say the least) e terminou em grande. Com direito a um saltinho a Londres e tudo! Aproveitei cada minutinho e recordo como é enriquecedor conviver com outras gentes e culturas. E é isto o que mais aprecio nas viagens a outras terras: o convívio com as suas gentes e a oportunidade de verificar como existem formas de estar e filosofias de vida diferentes das nossas e que nos mostram como é importante a diversidade, como nos apresenta novos cenários e nos faz, por isso mesmo, reflectir e, consequentemente, evoluir.
Quando vou até outras paragens não levo como objectivo principal um roteiro pré-definido com os principais pontos turísticos assinalados no mapa. Acho importante conhece-los, sim. São referências históricas e culturais dessas mesmas paragens, mas não é por aí... Gosto mesmo é de me deixar seduzir pelo que me rodeia, imiscuir-me...  de apreciar pequenas curiosidades rotineiras ou não, mas diferentes. Por exemplo, existe uma rua em Londres onde, ao Domingo, os pintores que não vêem o seu trabalho reconhecido ao ponto de expor em galerias de arte, vão colocando os seus trabalhos ao longo do muro da estrada. E são tantos que os perdemos de vista. Achei fascinante!


Achei igualmente fascinante verificar a consciência cívica colectiva daquela gente. Veja-se o seguinte: o metro esteve parado por aqueles dias (greve) e, por consequência, os autocarros passavam apinhados de gente. Paravam, mesmo assim e os seus condutores pediam que só entrassem as pessoas que fossem trabalhar. E foi vê-los a afastarem-se da porta de entrada para cederem a passagem aos que tinham obrigações para cumprir. Questionável? Talvez. Verdadeiro? Foi o sentimento que passou para fora.



Por coincidência, houve por esses dias uma iniciativa fantástica a favor do meio ambiente. A cidade teve as principais artérias encerradas ao trânsito motorizado e concentraram-se nelas centenas, se não milhares, de bicicletas. Dia muito a propósito para quem visitava a cidade. Ruído? Quase nenhum. Circular a pé, sem aquele cuidado do "look left" ou "look right" nas passadeiras foi delicioso! Em vez disto (que também houve):



Teve lugar isto:


Outro facto que me agradou bastante, foi a facilidade com que as pessoas se organizam, em tudo o que é espaço, para promoverem debates sobre as mais variadas coisas e aderirem e apoiarem causas, divulgarem os seus projectos e ideias, sei lá! 


E agora, mais no contexto do turista-que-vai-a-Londres-e-tem-que-ver, uma curiosidade que me fez rir e rir. Na cerimónia do Render da Guarda no palácio de Buckingham, tocavam os guardas as melodias costumeiras de ocasiões tais, quando, a certa altura, param. Recomeçam a tocar... "Mamma Mia" dos Abba! Espanto geral! Sorrisos. Abanavam-se esqueletos. E os Abba continuaram com outras musicas e terminaram com o "The Winner Takes It All". Não terminou a actuação "improvável" aqui. De seguida, vieram os Scissor Sisters e o "I don't feel like dancin". Bom, bom foi quando se ouviu o incrível "Grace Kelly" do Mika. Foi de ir às lágrimas! Perdeu-se em pompa, ganhou-se em criatividade.
É bem verdade que não deixei de fazer compras Em Regent e Oxford Street, no Harrods, também, mas as que realmente me encantam são as pequenas lojas de bairro, como umas deliciosas que encontrei em Notting Hill e na Baker Street de compra, venda e troca de discos em vinil. Cuchis, cuchis!



E pronto. Muito mais haveria para partilhar do constatado, mas seria alongar-me até mais não... Melhor ficar por aqui (por agora ;) .

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Letters to Juliet

Geralmente, o que não é planeado é o que corre melhor. Já há por aí muita gente a dizê-lo. Foi o caso. Um encontro para um café. Que se transformou num jantar. Que se transformou num diálogo interminável. Que se transformou numa ida ao cinema. Sem escolha prévia e sem um título em cartaz fortemente sedutor, foi escolhido o "Letters to Juliet". Adivinhava-se um filme xaroposo do tipo Domingo à tarde na TV, mas acabou por se revelar um pouco mais do que isso. Bastante mais. Saí de lá com a sensação de que naquela sala de cinema alguém me quis ensinar uma lição... Certa ou errada, seria bom se a tivesse aprendido.  Continua a parecer que nem tenho pensado no assunto. E, no entanto, tenho pensado. Oh, se tenho!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Não sendo uma novidade, é sempre actual. E tão, mas tão verdadeiro!

Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro.

Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.
Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito.
Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor.
A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra.

A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."
Miguel Esteves Cardoso in "Elogio ao amor"

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Coisas daquelas que acontecem

Paradinha nos semáforos com os vidros abertos e a musica bem alta. Ouvia-se o "What about love" dos Heart. Pára ao meu lado um indivíduo que imediatamente olha na minha direcção. O embaraço costumeiro e lá acabo por encará-lo. Gesticula-me qualquer coisa que eu não percebi e, já sem paciência, começo a preparar-me para o brindar com um gesto menos simpático. Finalmente percebo que tem qualquer coisa a ver com "ouvir" e "rádio". Grito-lhe: "M80!" Faz-me o gesto do "gosto", sintoniza, pisco-lhe o olho e avançamos os dois sorridentes!
Ás vezes ainda se encontram pessoas bom-astral!

E a garra, cadê?

É engraçado (e não tem piada nenhuma) que o pobo, hoje em dia, parece que perdeu a garra toda! É incrível como olho à minha volta e tudo o que vejo é uma malta muito calma, pacífica, cada um com as suas vidinhas e a rezar (parece) para que nada de novo apareça, não vá a circunstância exigir-lhes grandes esforços e depois é uma chatice.
Há dias, uma amiga minha convidava outra para o seu jantar de aniversário. A resposta foi:
"- Olha, desculpa. Mas não vai dar para ir.
- Que pena! Mas porquê? Gostaria tanto de te ver cá!
- Fica um pouco longe, sabes. E não me dá assim muito jeito."
O longe dela ficava a 30 minutos de distância e não era preciso andar muito depressa.

Episódio 2:
"- ...acabei por vir para casa e fiz eu muito bem. Bebi umas bejecas sozinho, comi uns amendoins, e tudo em paz e sossego.
- A sério?! E nem tentaste conversar, saber o que se passava, sei lá, esclarecer as coisas? Nem ligaste?
- Não estou para me chatear!"

E é este "não estou para me chatear" que a mim me indigna. É que ninguém está para se chatear por coisíssima nenhuma.Tudo se faz e todos se relacionam porque dá jeito. Ou então, nada se faz e as pessoas não se relacionam porque não dá jeito.
E ninguém está para se chatear.
Incrível!!!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Festas da M80

É certo e sabido que não dispenso uma oportunidade de ouvir boa musica. Se puder disfrutar dela na companhia de amigos, ainda melhor. Por esta e outras razões, não pude deixar de aproveitar a oportunidade de  ir às duas festas promovidas pela rádio M80 aqui no Algarve.
Sobre a primeira, no Pavilhão do Arade em Ferragudo, Lagoa, ocorre-me dizer que foi muito bem sucedida. Desde a organização da mesma no que respeitava ao levantamento dos convites e respectiva entrega à entrada do evento, ao rigor do cumprimento de regras para que tudo funcionasse sem falhas. Todos os presentes puderam usufruir do momento de descontração e boa disposição sem sobressaltos. A selecção musical de Miguel Simões e companhia foi bestial e o espaço reunia as boas condições para a criação de um ambiente notoriamente alto-astral. Os sucessos musicais sucediam-se e as horas passavam vertiginosamente. Era manhã e ninguém tinha dado por nada... Balanço: uma noite daquelas que valem muito a pena!
Sobre a segunda, não me entusiasmarei tanto... O espaço era o Faces, na marina de Vilamoura. Haveria festa, não haveria festa, era necessário levantar convites, não era necessário. O valor do consumo mínimo ora era um, ora era outro... Ninguém estava 100 por cento certo de nada. Confusão instalada desde o início.
A selecção musical foi diferente da da primeira festa e não tanto do meu agrado. Muito provavelmente devido ao facto de o público ser, também, muito diferente. Foram vistas por lá muitas caritas larocas que dificilmente teriam 16 anos. Enfim. O espaço tornou-se diminuto. O calor dificilmente suportável. Ainda que com banda sonora, as horas não passaram assim tão depressa. Balanço: foi positivo o facto de as senhoras terem ganho brindes da marca de cosméticos Oriflame...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Concerto dos Europe

O recinto ia diminuindo de tamanho. O som das conversas elevava-se. Os copos passavam de mão em mão. Os flashes das máquinas fotográficas criavam e coloriam. O palco (ainda vazio), era fonte de expectativa, nele havia energia por libertar mas que já se sentia. Cantarolavam-se alguns dos refrões das musicas que entretanto se ouviam. Silêncio. O tal efeito de nevoeiro. O momento aguardado chegou. E eis que uma das bandas que tanto rodou nos nossos queridos anos 80 entra em palco, vigorosamente, e com uma garra contagiante que conquistou o público logo nos primeiros minutos. Os mais novos abanavam as cabeças e gritavam os versos que sabiam de cor. Os mais velhos partilhavam a excitação de estar em presença de membros de uma banda que lhes trazia boas recordações (muito boas, até,  para alguns) e que os fazia sorrir e fazer exercícios de memória prazerosos ao tentarem recordar as letras das musicas.
Eu não sou, de facto, uma fã incondicional deste género de musica, mas, confesso aqui, que dos Europe fui. Tenho em casa dos meus pais um poster da Bravo dos Europe com assinaturas e dedicatórias dos meus colegas do secundário e de alguns professores. Confesso, ainda, que tentei fazer um corte de cabelo igual ao do Joey Tempest (aquele cabelo era um espectáculo!), mas saí do cabeleireiro com algo que se assemelhava a uma carapinha versão alongada. E foram precisas semanas para que a minha cabeleira ficasse "algo" semelhante ao do cabelo da estrela em causa. Resta-me finalizar o meu rol de confissões dizendo que sempre
gostei especialmente do narizito do Joey, o qual (constatei eu com grande agrado), continua igualzito!
O concerto valeu muito a pena, a banda está aí para as curvas e eu senti um arrepiozinho quando ouvi a voz do Joey gritar "Carrie"...