segunda-feira, 27 de julho de 2009

Numb

Durante muito tempo, durante muitos anos, fui fazendo parte de um mecanismo social normal, rotineiro, aceitável e perfeito, portanto, aos olhos de quem comigo lidava diariamente (até parece que já não o faço).

Aceitei-o, resignada, conformada e sem o questionar. A vida era assim, assim me tinham ensinado a ser, tinha que ser assim e ponto final.

Infelizmente ou felizmente, nada nesta vida se pode tomar como garantido e os imprevistos surgem, para o bem ou para o mal.

Eventualmente, algo de novo surge na vida de cada um. Se não é mais cedo, é mais tarde. Se não é bom, é mau. Mas acabamos sempre por questionar uma data de coisas.

Deve ter a ver com a tal fase da qual muitos sociólogos e psicólogos falam, em que as pessoas, por alguma razão, sentem necessidade de fazer um balanço da sua vida.

Já tive um desses momentos. Já fiz esse balanço e, de tal forma me impressionou fazê-lo, que nunca mais parei de fazer balanços.

Se foi bom despertar para esta tomada de consciência, sinceramente, não sei. Uma perspectiva nova e diferente trouxe, sem sombra de duvida. Mas, se vale a pena tomar consciência de muitas das coisas que fazem parte de uma vida e analisá-las constantemente, já não tenho tanta certeza.

Começo a entender que as coisas são realmente assim, porque só podem ser assim. Questioná-las não as vai mudar. Vai trazer, sim, desassossego, e desse, quem precisa?

Recuso-me a viver como uma cobarde, quem me conhece sabe que é assim, mas às vezes, passar pela vida algo "numb" ajuda bastante.


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