sábado, 27 de setembro de 2008

A enorme escassez do factor H

Confesso que qualquer assunto relacionado com o nascimento de uma criança e com o simbolismo que esse acto carrega é um tema que me desperta sempre a atenção.
Li, não vai há muito, um artigo do "Diário de Notícias" escrito pelo jornalista João Miguel Tavares e que saiu na edição do dia 11 de Março do corrente ano. O Nome do artigo é "As maternidades não deviam cheirar a éter" e transmite um pensamento com o qual me identifico enormemente e que me surpreendeu pela forma realista, ao mesmo tempo que sensível com a qual o Jornalista o escreveu. Passo a citar:
"Não me interpretem mal. As maternidades de Lisboa estão cheias de médicos que sabem o que estão a fazer, o parto correu muito bem, o bebé nasceu fresquíssimo e dois dias depois a minha mulher já estava em casa. Só que toda a competência técnica revela, ao mesmo tempo, uma enorme escassez do factor H - aquele pingo de humanidade que faz a diferença entre o parto ser um obstáculo a ultrapassar ou uma experiência a recordar. Em Portugal, é um obstáculo. Uma operação cirúrgica assim como se fosse uma apendicite. Aliás, desconfio que a única coisa que neste país distingue uma maternidade de um hospital é não se enviar para incineração aquilo que se extrai da barriga.(...) Quando por toda a Europa se procura transformar o parto num acto íntimo e familiar, por cá as crianças continuam a nascer imersas em éter e num profissionalismo frio como a lâmina de um bisturi. O País não é grande coisa, é certo, mas ao menos podia receber os seus filhos com alguma alegria."
A maternidade de Faro também está cheia de grandes médicos, no resto, são como os de Lisboa, meu caro João.
Partilho inteiramente o que o senhor escreveu, até porque o sofri na pele, sendo eu a mãe ainda por cima...

1 comentário:

Anónimo disse...

necessario verificar:)