quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sobre o amor

Mais uma vez me deliciei com textos de outros que tanto jeito têm com as palavras no que respeita ao conceito AMOR. Mais uma vez também, me surpreendi com a capacidade que alguns de nós possuem para exteriorizarem com tanta eficácia a possível definição de tal sentimento. Aqui no Quinto, as definições de Amor vão acumulando. São de vários autores. Talvez todas juntas formem a "definição completa". Se é que isso existe...

"Passei por ti tão incerto. Acho que nesses dias andava a recolher das ruas a minha própria vida, aos pedaços. Às vezes no falso vigor dum café quente, outras vezes no constante adeus daqueles que passam e não ficam. Como se assim um dia pudesse tê-la toda. Não podia. Talvez pensasse que ela estava fragmentada por aí, como peças dum puzzle por construir. Não estava. O amor é sempre assim. Ou a falta dele, pensei depois. Uma extensão de fragmentos.
E vi-te tão incerta. Acho que nesses dias houve um segredo qualquer. O amor começa sempre assim, pensei depois. Num olhar que é um segredo, num cheiro que é um segredo, numa vontade que é um segredo. Seja lá o que for. No princípio é sempre um segredo. Sempre. E tu disseste que os segredos são o Big Bang do amor. Tinhas razão. Todo o amor comprimido num único ponto pronto a ser o Cosmos. Às vezes devagar, outras vezes mais depressa.
E eu que já me tinha esquecido da mania que o amor tem de não fazer apresentações. Primeiro entra em nossa casa sem bater, deixando pegadas de terra na carpete da sala; depois desarruma-nos os objectos pessoais e a mobília. E rio-me com isso. E rimo-nos com isso. Às vezes também vai à cozinha servir-se dum café expresso. E quando perguntamos: "o que diabo se passa aqui?" já nem queremos saber a resposta. Queremos que o fim da cama seja a nossa linha do horizonte. É que às vezes é, até porque é atrás dela que passa a nascer o dia. Que passa a nascer a noite.
Tinha nascido a noite quando surgiu a dúvida: "o que dirá o dicionário sobre a palavra amor?". E tu riste-te. Se os dicionários são tão grandes deve ser só por causa dessa palavra, disseste. E eu ri-me. Fomos ver. Dizia que é o sentimento que induz a obter ou a conservar a pessoa ou a coisa pela qual se sente afeição. E rimo-nos os dois. Não é, pois não? Como é que o Big Bang podia ser só isso? O dicionário não sabe nada. E pediste-me para tentar escrevê-lo. Acabo de o tentar, meu amor, com este texto que é para ti. Só que eu também não sei nada. Tentei, está bem?"

8 comentários:

Celeste disse...

puxa! que bem! comoveu-me!

memyselfandi disse...

CELESTE, acredita que não foste a única... É lindo!
Jt

Anónimo disse...

Bolas! Cena mais querida! I wish...

Conceição disse...

Um amor/ser amado assim é qualquer coisa...

Valter disse...

UAU! Falta-me mesmo talento...

memyselfandi disse...

ANÓNIMO, who doesn't? :)

CONCEIÇÃO, "bota" qualquer coisa nisso...

VALTER, deixa lá. Se pelo menos o sentires, já não é mau...

NUXA disse...

LIIIINDOOOO!

memyselfandi disse...

NUXA, ;)
Jt.