quarta-feira, 20 de julho de 2011

Bibliotecas de Turma

Sempre que sinto que estou perante um grupo em que pode resultar, faço questão de criar uma. Refiro-me às Bibliotecas de Turma. E não me tenho enganado. Normalmente, resultam bem.
A troca de livros entre as pessoas é uma experiência que deveria, quanto a mim, continuar a ser encorajada. Todos sabemos que os livros são caros no nosso país, mas isso não significa que não haja alternativas à compra, se tivermos motivação para os ler. Todo o tipo de biblioteca é uma boa solução. Na minha profissão, criá-la dentro de um grupo, parece-me lindamente. Para além dos frutos óbvios que daí advêm, por vezes, acabamos por ter algumas surpresas e descobrir raridades literárias. "Lá por casa costuma haver livros tão antigos que já nem se sabe de quem são ou de onde vieram" - oiço às vezes.
Pois bem. Foi nesse contexto que uma dessas raridades me veio parar às mãos.
Chama-se Breve Antologia da Poesia Feminina Algarvia e é, na minha opinião, um livro precioso!
Dele já retirei vários poemas que coloquei aqui no blogue. Hoje, vou colocar outro.
E, hoje, porque acho que sim, escolho este.


Interrogando
Que sabes tu das minhas agonias
dos meus anseios de alma
da minha luta de todos os dias?

Que sabes tu dos meus sonhos de vida
da minha arquitectada melodia,
do amargor que entorno na subida?

Que sabes tu?

Que sabes tu dos lagos onde passo
de transparência liquida azulada,
os pés enrodilhados em sargaço?

Que sabes tu das noites enevoadas,
num desatino louco e labiríntico,
onde procuro saídas não achadas?

Que sabes tu?

Que sabes tu dos meus desejos
se não me compreendes,
nem entendes os meus beijos...

  Maria Leonor de Mello Horta
(Breve Antologia da Poesia Feminina Algarvia)

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