quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O segundo aninho

Último dia de Setembro e tinha mesmo que arranjar um tempinho para assinalar mais um ano de existência do meu querido bloguinho. É ainda um bébé e, com dois aninhos, espero que entre naquela fase em que enternece com a revelação constante de descobertas fantásticas, tal como se de um bebé verdadeiro se tratasse.
Há um ano atrás assinalei a data com o texto que se segue:

Hoje é uma data muito importante para mim. Não é o aniversário de alguém chegado, nem a comemoração de um acontecimento que envolva pessoas, mesmo assim, muito importante.
Faz hoje um aninho que o primeiro texto nasceu neste meu cantinho. E não é que já passou um aninho e sobrevivemos juntos, o blogue e eu?!

Quando comecei a criá-lo pensei tantas vezes se teria a motivação, a inspiração, o tempo necessários para me dedicar a ele e para o alimentar, para continuar...
Por vezes tinha uma necessidade enorme de gritar para que alguém me ouvisse. Gritos mudos de revolta, de dor, mas também de alegria. Através do blogue, os gritos não são assim tão "mudos". Descobri que há quem os oiça e me diz que grita comigo. Há apenas quem os oiça. Mas mesmo que eu o não saiba, partilhar o "meu eu" aqui tem a vantagem de me fazer acreditar que alguém me ouvirá. A vontade de gritar até diminuiu! Já só é preciso um careless whisper e é provável que alguém me oiça.
Muito do aqui publicado foi nostálgico, só, triste, até. Ainda assim, muitos momentos houve de animação e musiquinha boa! Talvez se sigam a felicidade, o optimismo, a alegria.
Este blogue não tem, nem nunca teve, a pretensão de servir de fonte de pesquisa a alguém, ou de ser rotulado ou premiado.
Este blogue foi fruto da solidão e do inconformismo, principalmente. Mas foi também motivado pela vontade de "dizer" coisas aos outros, de falar com o mundo.
A todos os que passaram por aqui neste aninho, um obrigado por terem "entrado" no Quinto Andar.

Um ano depois, posso assegurar-vos de que se seguiram muitos momentos felizes e alegres e que o optimismo prevalece.
Mais uma vez, obrigada pelas subidas ao meu "cantinho" e espero continuar a merecer as vossas visitas. Já agora, quando subirem, deixem o elevador e usem as escadas, sempre vão fazendo exercício... ;)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

The sound of crying...

Acabei de presenciar um episódio no supermercado absolutamente violento. Impressionada até agora. Revoltada. Decepcionada com a natureza humana sempre que sou "obrigada", "forçada" a lembrar-me que existem comportamentos deploráveis que jamais entenderei.
Formou-se um pânico geral porque uma criança tinha desaparecido de perto do avô e não havia rasto dela. Entre funcionários e clientes, tudo olhava em volta, corria, perguntava, espreitava. Fiquei imensamente apreensiva e já rezava para que a criança aparecesse, é sempre uma aflição tão grande quando estas coisas acontecem! Ouviu-se a voz de uma funcionária dizer que ouvia o menino dentro da casa de banho e que este chorava e chamava pelo avô. Alívio! Procurou-se a chave que abria a porta. Abriu-se a porta e o menino (que devia ter por volta dos três anos) saiu, completamente em pânico, e procurou os braços do avô. E o avô? Bem, o avô pegou-lhe na mão, arrastou-o pelo chão e, uns metros à frente, desatou a dar-lhe açoites enquanto lhe gritava "é para aprenderes a não sair de perto de mim", mas tantos, a ponto da criança fazer chichi ali mesmo... Fiquei estarrecida. Tudo olhava. Uma funcionária ainda arriscou "o menino está assustado, não lhe bata!" Levou com a resposta que imaginam. Eu observava um pouco afastada o sucedido e ao meu lado ouvi uma senhora (?) que comentou "que mal é que faz dar uns açoites ao miúdo. Se calhar até merecia mais." Olhei para ela. Não me contive. Perguntei-lhe que bem é que os açoites fizeram ao menino. Perguntou-me se tinha filhos. Que sim. Se nunca me tinha acontecido. Que não. Que tinha sorte. Que a sorte às vezes também precisa de uma ajudinha, mas, caso me acontecesse algo semelhante, seria a primeira a acalmar o meu filho e a assegurar-lhe que não haveria lugar no mundo que o fechasse de mim. Que era conversa. Perguntei-lhe se ela tinha filhos. Que sim.
Estando eu tão longe como qualquer um(a) de nós de ser a/o mãe/pai perfeita(o) e, tendo eu consciência de que tal não existe, ainda assim, fixei-a infinitamente e lamentei, em pensamento, tal facto...

"And if you're listening out there
You could consider this a prayer..."

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A tal visita à madrinha (que, por acaso, mora em Londres ;)

E pronto. Encerrado definitivamente o período de férias. Espera-me, agora, um ano de muito trabalhinho, e ainda bem.
O Verão, este ano, foi, indubitavemente, refrescante (to say the least) e terminou em grande. Com direito a um saltinho a Londres e tudo! Aproveitei cada minutinho e recordo como é enriquecedor conviver com outras gentes e culturas. E é isto o que mais aprecio nas viagens a outras terras: o convívio com as suas gentes e a oportunidade de verificar como existem formas de estar e filosofias de vida diferentes das nossas e que nos mostram como é importante a diversidade, como nos apresenta novos cenários e nos faz, por isso mesmo, reflectir e, consequentemente, evoluir.
Quando vou até outras paragens não levo como objectivo principal um roteiro pré-definido com os principais pontos turísticos assinalados no mapa. Acho importante conhece-los, sim. São referências históricas e culturais dessas mesmas paragens, mas não é por aí... Gosto mesmo é de me deixar seduzir pelo que me rodeia, imiscuir-me...  de apreciar pequenas curiosidades rotineiras ou não, mas diferentes. Por exemplo, existe uma rua em Londres onde, ao Domingo, os pintores que não vêem o seu trabalho reconhecido ao ponto de expor em galerias de arte, vão colocando os seus trabalhos ao longo do muro da estrada. E são tantos que os perdemos de vista. Achei fascinante!


Achei igualmente fascinante verificar a consciência cívica colectiva daquela gente. Veja-se o seguinte: o metro esteve parado por aqueles dias (greve) e, por consequência, os autocarros passavam apinhados de gente. Paravam, mesmo assim e os seus condutores pediam que só entrassem as pessoas que fossem trabalhar. E foi vê-los a afastarem-se da porta de entrada para cederem a passagem aos que tinham obrigações para cumprir. Questionável? Talvez. Verdadeiro? Foi o sentimento que passou para fora.



Por coincidência, houve por esses dias uma iniciativa fantástica a favor do meio ambiente. A cidade teve as principais artérias encerradas ao trânsito motorizado e concentraram-se nelas centenas, se não milhares, de bicicletas. Dia muito a propósito para quem visitava a cidade. Ruído? Quase nenhum. Circular a pé, sem aquele cuidado do "look left" ou "look right" nas passadeiras foi delicioso! Em vez disto (que também houve):



Teve lugar isto:


Outro facto que me agradou bastante, foi a facilidade com que as pessoas se organizam, em tudo o que é espaço, para promoverem debates sobre as mais variadas coisas e aderirem e apoiarem causas, divulgarem os seus projectos e ideias, sei lá! 


E agora, mais no contexto do turista-que-vai-a-Londres-e-tem-que-ver, uma curiosidade que me fez rir e rir. Na cerimónia do Render da Guarda no palácio de Buckingham, tocavam os guardas as melodias costumeiras de ocasiões tais, quando, a certa altura, param. Recomeçam a tocar... "Mamma Mia" dos Abba! Espanto geral! Sorrisos. Abanavam-se esqueletos. E os Abba continuaram com outras musicas e terminaram com o "The Winner Takes It All". Não terminou a actuação "improvável" aqui. De seguida, vieram os Scissor Sisters e o "I don't feel like dancin". Bom, bom foi quando se ouviu o incrível "Grace Kelly" do Mika. Foi de ir às lágrimas! Perdeu-se em pompa, ganhou-se em criatividade.
É bem verdade que não deixei de fazer compras Em Regent e Oxford Street, no Harrods, também, mas as que realmente me encantam são as pequenas lojas de bairro, como umas deliciosas que encontrei em Notting Hill e na Baker Street de compra, venda e troca de discos em vinil. Cuchis, cuchis!



E pronto. Muito mais haveria para partilhar do constatado, mas seria alongar-me até mais não... Melhor ficar por aqui (por agora ;) .